Como estudante de Logosofia, um dos grandes objetivos que fazem parte da minha vida é o de contribuir para a construção de uma nova cultura. Para compreender melhor este grande objetivo, é necessário primeiro ter uma definição do que é “cultura”, bem como por que construir uma “nova” cultura.  

Entendo “cultura” como o ‘conteúdo’ de uma civilização. Ao longo da história, diferentes civilizações apresentaram características distintas e foram marcadas por uma variedade de conteúdos.  

A cultura vigente em todo o mundo infelizmente apresenta vários problemas de conteúdo. Somos diariamente expostos a notícias tristes e comportamentos reprováveis, resultantes de uma completa desorientação.   

Daí surge a busca por construir uma nova cultura, que enriqueça a civilização com um conteúdo mais elevado, permitindo que os seres humanos tenham vidas superiores, mais felizes e com significado. Mas como construir uma ‘nova cultura’, considerando o estado atual em que o mundo se encontra? 

Meu entendimento é que o conteúdo de uma civilização é fruto do conteúdo dos indivíduos que a compõem. Existe uma relação direta: Quanto mais elevado o conteúdo dos indivíduos, mais elevado será o conteúdo da civilização, e vice-versa.  

Parto deste ponto: para construir uma nova cultura, devo começar por construir este conteúdo dentro de mim. E, à medida que avanço neste processo de autoconstrução, busco inspirar e auxiliar outros a também se identificarem com este grande objetivo de melhorar, cada um, seu próprio conteúdo.  

Mas o que é este conteúdo dentro de mim? Percebo que há um mundo inteiro dentro de mim —  um mundo interno rico em elementos, como pensamentos e sentimentos. O que ocorre dentro de mim é refletido no mundo ‘externo’, ou seja, na minha vida cotidiana, influenciando a forma como experimento e interajo com o mundo ao meu redor. 

Compreendendo melhor o que existe dentro de mim, consigo trabalhar para aprimorar meu conteúdo e, dessa forma, melhorar minha conduta em todos os aspectos da minha vida. Trata-se de um processo de autoaperfeiçoamento que começa com a identificação dos pensamentos que atuam em minha mente, buscando selecionar apenas aqueles que exercem uma influência construtiva sobre a minha conduta, ampliam meu conteúdo e promovem a expansão do bem. Quero eliminar, uma a uma, as deficiências que me limitam e trazem prejuízos.  

As experiências mais simples podem mostrar como essa identificação e seleção pode ser feita. Refleti sobre isso certa vez quando, após uma longa e tensa reunião na empresa, tudo o que eu queria era chegar em casa, tomar um banho e distrair-me com qualquer bobagem. No entanto, assim que pisei em casa, minha mãe pediu que saísse novamente e fosse à padaria comprar alguns itens que estavam faltando.   

Meu pensamento imediato foi recusar, alegando que estava exausto e não poderia ajudar.  Felizmente, logo na sequência, graças aos exercícios mentais que venho praticando há algum tempo, um segundo pensamento surgiu, refreando o primeiro, e sugeriu que a conduta mais adequada naquela situação seria ajudar minha mãe e contribuir para o bem-estar da casa, na qual também resido e, na verdade, tenho poucas responsabilidades. Identifiquei ambos os pensamentos e selecionei o segundo. O primeiro não se alinhava com meus valores: não quero ser alguém preguiçoso ou ingrato. Quero retribuir à minha mãe tudo que ela fez por mim e ser uma pessoa prestativa.  

Claro que não é tão fácil quanto parece. Logo no dia seguinte, tive uma experiência que ilustrou isso. Havia planejado ir à academia depois de uma reunião que duraria apenas 30 minutos. Como a reunião prolongou-se por uma hora, imediatamente veio um pensamento que me sugeriu a possibilidade de faltar à academia, justificando que o imprevisto era uma razão válida para desistir.   

Cedi e não cumpri com o planejamento, o que me fez perceber que me faltou disciplina. Somente mais tarde percebi como essa falha havia ocorrido. É necessário esforço e atenção constantes para estar conscientes em todas as ações da vida, avançando continuamente na seleção dos pensamentos e do conteúdo interno.  

Evidentemente, busquei ilustrar o processo em situações simples e do cotidiano, mas é possível perceber como este mesmo processo pode trazer conquistas grandes na vida: com a seleção correta de pensamentos, é possível ser um profissional melhor, um amigo melhor, um namorado melhor, um ser humano melhor. E precisa ser uma busca integral, afinal, ser melhor é sê-lo em tudo.  

A realização na própria vida do que a Logosofia ensina requer um processo de aperfeiçoamento gradual, com perseverança e paciência, mas os resultados compensam amplamente o esforço. Seguirei focado no meu processo individual para poder colaborar para a construção de uma nova cultura e de um futuro melhor para toda a humanidade.