Dia de organização do armário com meus filhos: roupas pequenas que não servem mais, brinquedos que já cumpriram sua função e ficaram para trás, jogos em que faltam peças, sapatos que apertam …. Quantas coisas precisam ser renovadas! Um reparo ali, uma emenda em uma roupa rasgada, uma peça improvisada para compor aquele jogo tão espetacular… mas, algumas coisas simplesmente não servem mais. Não servem para aquela criança e podem, certamente, servir para outras. Alguns brinquedos estragados podem ser transformados com criatividade em um brinquedo novo.

Enquanto fazia essa “faxina”, pensava: se a renovação é imprescindível para uma casa organizada e um ambiente agradável, não deveria me ocupar de fazer o mesmo com ideias, pensamentos e conceitos que estão em minha mente? Tudo o que dirige minha vida está sendo cuidadosamente avaliado pelo meu controle de qualidade? Assim como sei tudo o que possuo em um armário, poderia saber o que possuo em minha mente?

Naturalmente, a vida vai nos fazendo viver muitas experiências — o que vai mexendo nesses conceitos. Há coisas que foram ensinadas com muito amor, porém, a experiência e o tempo, com um elemento a mais, enriquecem aquilo que havia sido transmitido; outras coisas, ensinadas na escola e na família, simplesmente não deram resultado na prática. E então?

As perguntas fluem… Quando pensamos em nossos filhos — nesses seres a quem tanto amamos —, um estímulo natural nos envolve para sermos pessoas melhores, capazes de ensinar-lhes o melhor que possuímos. E eu, tenho realmente oferecido o meu melhor? O que tenho ensinado a meus filhos demonstra que também estou me renovando? Os conceitos aprendidos na infância são os que me sustentam até hoje? Eles também devem ser renovados?

Temos hoje muitas opções para ajudar na formação de uma criança: um leque de escolas para escolhermos, aulas de diferentes idiomas, esportes que desde cedo permitem uma profissionalização, programas culturais de boa qualidade. Tudo isso denota um grande avanço na realidade atual. Mas será que estamos nos preocupando efetivamente com a formação moral, mental, sensível e espiritual das crianças de hoje? Que conceitos de vida e de ser humano temos selecionado para lhes transmitir? O que falta a nós, adultos, para que possamos ensinar com nosso exemplo diário uma conduta mais digna em prol de uma vida mais feliz?

O simples fato de pensarmos nesses seres que tanto amamos, que são os nossos filhos, nos gera estímulos para querer dar bons exemplos. Isto é o que fica. Isto é o que ensina. Esta é a recordação que levarão para toda a vida.