Frente aos inúmeros episódios que poderíamos classificar como “surreais” (relatos de improbidades de nossos governantes, violência, indícios de manipulação da população em diferentes níveis), não raro ouvirmos alguém dizer que gostaria de ter nascido em outro país, ou que na Suíça seria diferente. 

Isso me fez lembrar de fatos marcantes da história de minha família, que representa a história de outras tantas. Meus bisavós, partindo do Líbano, Alemanha e Portugal, mudaram o rumo de suas vidas em busca de condições melhores. As razões que motivaram a mudança foram variadas: deixar um ambiente opressor, encontrar o “el dorado”, dentre outras! Não obstante, todos encontraram um tesouro: o acolhimento aos recém-chegados. Tratar bem a quem chega parece ser uma vocação do nosso povo, afinal temos no sangue vários fragmentos do mundo. 

Estamos vivendo momentos de grande provação no campo da moral, com notícias diárias de desvios dos governantes prejudicando seus governados. Percebo hoje o mesmo pensamento do Brasil colônia: “nós e eles”.

  • Mas quem são os políticos?
  • Não são parte representativa de todos nós?
  • Não fazemos todos parte da mesma cultura, de um mesmo ambiente mental, cultivando e cultuando os mesmos pensamentos? 

Isso demonstra que o Brasil é um grande adolescente. Por vezes fala grosso e em atitudes “de homem”. Por outras se enfraquece e o futuro é turvado frente às adversidades. Penso: tenho minha parcela de responsabilidade diante desse mar de dificuldades e posso fazer diferente. Posso atuar de forma que os valores morais sejam uma realidade “vivente” e não somente uma matéria de escola ou reportagem de TV. 

Cada vez mais, sou parte do Brasil. Esse mesmo: com seus altos e baixos, que figura muito bem em alguns rankings e pessimamente em outros; que conta com muitos seres honrados e comprometidos com o futuro e que um dia acolheu com tanto amor meus antepassados. Por uma dívida de gratidão devo fazer minha parte. Melhorar, pouco a pouco, a cultura do país, que não é formada pela assinatura de leis , mas, sim, pelo que há de valores em cada ser humano. 

Esse é um dos legados que gostaria de deixar para minha família. Eu sou parte do Brasil. Não somente o de hoje, mas principalmente o do futuro.