Se observarmos a maioria das pessoas, veremos uma acentuada tendência à tristeza. Todos temos um amigo ou conhecido que está sempre reclamando de tudo e de todos, como se tudo estivesse sempre ruim ou fora de lugar.   

 

É aquela pessoa difícil de agradar: se está sol, ele quer chuva; se chove, ele quer sol… Se faz frio, quer calor; se está calor, quer frio. 

 

Por que isso acontece? 

 

Trata-se de uma tendência natural ao pessimismo ou existe algo em nossa psicologia dominando esses estados mentais negativos tornados hábito? 

 

É possível reverter esse estado de descontentamento permanente?   

 

Esse quadro psicológico é muito comum no campo profissional e corporativo. É certo que nem sempre a vida profissional se apresenta da maneira como gostaríamos. Por vezes, as lutas e dificuldades que enfrentamos no trabalho tornam limitada a percepção do belo, do bom e do justo. Mas isso não significa que não tenhamos motivos para sermos gratos, ainda que enfrentando diversas lutas diárias. 

 

Recordo que, antes de me formar na faculdade, imaginava que seria fácil encontrar um emprego e colocar-me no mercado de trabalho. No entanto, não foi isso o que aconteceu. Depois da graduação, fiquei algum tempo buscando emprego. Todas as vagas de emprego exigiam experiência, mas ao mesmo tempo era difícil adquirir experiência se ninguém me oferecia uma oportunidade. Isso acaba formando um círculo vicioso difícil de ser quebrado. 

 

Na prática, o que ocorre é que as melhores oportunidades são aproveitadas pelos mais experientes e aos mais novos, inicialmente, restam os empregos mais desafiadores. Sei que geralmente essa não é a realidade de todos, mas foi isso o que experimentei ao iniciar a carreira como professor. 

 

A primeira escola na qual trabalhei era distante de minha casa e tinha os alunos mais desafiadores que já enfrentei até hoje. A escola não tinha muitos recursos, e muitos dos materiais que utilizava eram custeados por mim mesmo. Apesar disso, estava feliz por estar empregado e contente por conseguir quebrar o círculo vicioso da primeira experiência profissional. 

 

Recordo que eram tempos difíceis, mas por meio desse emprego estava conseguindo custear meus estudos e ainda ajudar um pouco em casa. Além disso, estava aprendendo a superar as minhas dificuldades e ampliar a minha capacidade de realização. Foram momentos em que pude conhecer muito a mim mesmo. 

 

Um antídoto ao descontentamento  

 

Como poderia não ser grato a isso? Hoje, vivo um processo de adaptação profissional em uma nova instituição de ensino. Porém, as condições de trabalho são muito melhores; por isso sempre recordo minhas primeiras aulas: para ser grato a tudo aquilo que fui, sou e ainda poderei vir a ser. 

 

Compreendi que a gratidão é um grande antídoto ao descontentamento, afastando de minha mente o pessimismo e o pensamento de queixa, já que, como sabemos, a vida fica muito mais árdua com esse peso a mais em nossos ombros. 

 

Como nos ensina o criador da Logosofia: “Os dias de triunfo, de alegria, de felicidade e de paz vividos já serão mais do que suficientes para acalmar suas inquietudes e ajudá-lo a suportar qualquer contrariedade”