• Que importância você atribui ao pensamento dentro de sua vida?
  • Já pensou que o homem pode ser feliz ou desditado, segundo sejam seus pensamentos?
  • E que, se ele optar pelos melhores, terá ventura e evitará muitos padecimentos, ao passo que, se eleger os piores, sua vida se tornará amarga?
  • Você crê ser impossível poder diferençar uns dos outros?

Em nosso conceito, não só é possível, mas também constitui a maior prerrogativa que o ser humano pode ter.

O exame dos próprios pensamentos

Para levá-la a cabo, deve-se começar, logicamente, estudando os próprios pensamentos, até conhecer quais são os mais habituais; de que classe são; a que ações induzem; que fruto deixaram aqueles que com maior empenho foram alimentados; etc.

Talvez esse exame mostre a você, leitor, que um de seus mais persistentes pensamentos seja, suponhamos, o que o induz uma ou duas horas por dia a algum jogo de azar; e a você, leitora, a dedicar duas ou três tardes da semana a falar sobre moda ou outra frivolidade similar. Muito bem; que se ganhou com isso? Para que serviu? Que benefícios foram recolhidos para o futuro?

Passe-se igualmente revista a outras companhias que frequentam a mente, e se verá que elas não são mais que um lastro inútil que retarda as próprias atividades, ou um foco de inquietações, irritabilidade ou melindres, que leva constantemente a situações difíceis.

Por exemplo, este pensamento nos aconselha a ficar aborrecidos ao menor atrito; aquele, a pensar que ninguém sabe o que nos vai acontecer amanhã; aqueloutro nos sugere que mais vale desfrutar ociosamente o momento presente do que nos preocuparmos com o amanhã. E ponhamos aqui um longo et cétera, que cada leitor completará discretamente.

Exemplo do estudante de concurso

Prosseguindo com este estudo, vejamos o que sucede quando se deve enfrentar uma situação pouco comum, como seria um exame ou concurso. É frequente, nestes casos, aparecerem na mente pensamentos de impotência ou de temor, que inibem ou paralisam nessa emergência o uso das faculdades.

Quantas vezes vemos fracassar o estudante mais bem preparado, só porque um pensamento inibitório o impediu de utilizar todo o acervo de imagens que levava como bagagem de conhecimento? Nesses casos, sempre se nota que, passado o momento crítico, uma vez já tranquilizado, o estudante constata pasmado que para todas as perguntas que lhe fizeram tinha uma resposta satisfatória; simplesmente não as pôde dar, porque um pensamento de insegurança ou de temor paralisou o movimento dessas imagens mentais.

De modo, pois, que o estudo dos pensamentos, com sua classificação e seleção, constitui uma primordial necessidade humana. É imprescindível saber quais pensamentos há dentro da mente, afastar sem demora aqueles cuja influência se mostra inútil ou prejudicial, e cultivar os de índole sadia e construtiva. Assim começa a verdadeira arte de forjar uma nova individualidade.

Extraído de Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 1, p.35

Coletânea da Revista Logosofia – Tomo I

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Carlos Bernardo González Pecotche, também conhecido pelo pseudônimo Raumsol, foi um pensador e humanista argentino, criador da Fundação Logosófica e da Logosofia, ciência por ela difundida. Nasceu em Buenos Aires, em 11 de agosto de 1901 e faleceu em 4 de abril de 1963. Autor de uma vasta bibliografia, pronunciou também inúmeras conferências e aulas. Demonstra sua técnica pedagógica excepcional por meio do método original da Logosofia, que ensina a desvendar os grandes enigmas da vida humana e universal. O legado de sua obra abre o caminho para uma nova cultura e o advento de uma nova civilização que ele denominou “civilização do espírito”.