Mente

As recordações, a sensibilidade e o espírito

novembro de 2025 - 4 min de leitura
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As recordações, a sensibilidade e o espírito

novembro de 2025 - 4 min de leitura

Estou numa altura do caminhar da minha vida em que as recordações são muitas e profundas, tocando minha sensibilidade. Recordações felizes, tristes, doloridas –  frutos de tantos momentos vividos ao  longo do percurso da vida física.

O que fazer com essas recordações? Elas podem influenciar minha vida? E eu me perguntei: por que recordar? Para quê? E esses fatos gratos, o que proporcionam para a minha vida?  O autor da Logosofia ensina que: 

Adicionaremos, finalmente, que as imagens gravadas na retina mental com a participação da consciência raras vezes são esquecidas. Existem na vida humana passagens, fatos, condutas, fragmentos de existência, que tiveram a virtude de conceder-nos instantes de felicidade, alegria, paz ou ventura. Esquecê-los é enterrá-los no passado, como coisa morta. Tamanha ingratidão afeta, entretanto, essas partes da existência que, por serem inseparáveis da vida, reclamam sua recordação. Quando buscadas, convertem-se em estímulos poderosos; são como porções de vida fresca que, ao palpitarem em nós, reverdecem o ânimo e nos impulsionam para diante, enquanto nos inclinamos para saudar com silencioso recolhimento, a magna obra da Criação. (do livro Deficiências e Propensões do Ser Humano, p. 80)

Fiquei refletindo e recordando tantos momentos felizes vividos. Observei que, muitas vezes, reviver essas alegrias e estímulos me dava vontade de seguir em frente, na conquista de mais momentos de felicidade.

Mas e as recordações tristes? A dor da perda de um ente querido? Também essas, por mais doloridas que sejam, poderão trazer algum bem à alma? 

Constantemente recordo de todos os seres queridos que já partiram – meus pais, meus tios, primos, irmãs, meu marido. Nessas recordações estão os momentos felizes que passamos juntos, e na minha mente as imagens vão se perfilando, enquanto o coração se enche de alegria. É como se se repetissem na minha mente as festas que fazíamos quando nos reuníamos: uma festa mental, aquecida pelo calor do coração. É uma festa transcendente.

 Aprendi com o autor da Logosofia que, ao fazer o exercício de recordar os bons momentos vividos com esses seres queridos, a dor se atenua, a mente se tranquiliza, o sorriso volta a brilhar no rosto, o coração se aquece e sentimos o mesmo afeto que tínhamos por eles, quando estavam presentes neste mundo. Assim, a felicidade volta a reinar na vida.

Refleti também sobre a altura em que se encontra o meu espírito em seu caminhar por sua longa existência. Perguntei-me se, para ele, também seria bom recordar, e percebi que toda recordação é muito importante para o espírito, pois ele é responsável por absorver, em cada etapa de sua jornada, tudo o que foi vivido.

Recordar é viver no presente todas as alegrias do passado e projetar para o futuro o que ainda se tem por viver, permitindo ao espírito absorver tudo o que foi bom. Temos, assim, a prerrogativa de transformar nossos erros, deficiências, tendências e hábitos ruins  ainda nesta etapa de vida. 

Hoje sei que todos os meus sistemas: mental e sensível, acompanhados da força do sistema instintivo, trabalham em uníssono para dar ao espírito o que ele veio buscar aqui na Terra: o conhecimento. 

De todas as recordações, reflexões e experiências que vivi ao aplicar esses ensinamentos, surge com força o sentimento de gratidão a Quem me deu a oportunidade da vida e a quem me deu o conhecimento para transformá-la em atos de bem, fazendo dela um verdadeiro oásis de amor, felicidade e paz insuspeitados.

É necessário recordar, uma e outra vez durante o dia, que se está empenhado em um extraordinário e formoso labor, que não só reconstrói a vida com os mais sólidos elementos do saber, mas também que se está forjando um novo e luminoso destino. Deficiências e Propensões do Ser Humano p.80, Falta de memória - ""Para poder fixar na consciência a recordação do que se quer ter à disposição da vontade, é necessário que o motivo seja vivido intensamente; desse modo se gravará de forma indelével, tal como ocorre com as coisas que mais nos impressionaram ou mais vivo interesse despertaram em nós. Não cabe dúvida de que aquilo que comoveu com mais força nossa sensibilidade – tal como o que se observou, se escutou ou se leu com atenção – perdura na recordação. Convirá, pois, tanto aos que contam com uma considerável memória como aos que têm essa faculdade reduzida, não confiar na simples função mnemônica para a evocação das coisas que amanhã desejariam recordar, sobretudo se tencionam ter em conta o que foi realizado em favor desse futuro que dia a dia se vai vivendo, até apagar-se a existência"".

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