Você já saiu à rua e alguém que você não conhece o cumprimentou como um velho amigo? Por que isso acontece? Pois eu já vivi esta situação e percebi que eu estava com meu interno muito feliz e meu semblante muito plácido, com um sorriso natural nos olhos. 

 

Por que um semblante alegre exala simpatia? O que faz com que os seres humanos se sintam felizes ao serem observados com simpatia? 

 

Simpatia, que virtude maravilhosa que traz muita doçura ao que a tem naturalmente, mas será que, os que não a trazem em sua herança psicológica, podem adquiri-la? 

 

Veja que interessante o que o autor da Logosofia afirma no livro Coletânea da Revista Logosofia, Tomo 2, p. 151:

“Já se disse que a simpatia é um dom; nós a chamamos de atributo e afirmamos que pode ser adquirida.” 

 

Mas como fazer para a adquirir? O autor prossegue: 

 

“Porém, para que isso seja possível, necessariamente devem ser cumpridas as exigências que a simpatia impõe: possuir pensamentos benévolos e quantos propiciem as melhores qualidades.” Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 2, p. 151 

 

Então, sim, a todos é oferecida esta possibilidade de criar a simpatia em si mesmo, se não a tem naturalmente. 

 

      Como? Desenvolvendo em si mesmo pensamentos benévolos e que propiciem as melhores qualidades. 

 

Quais pensamentos benévolos seriam estes? 

 

Refleti e tentei relacionar na minha mente quais seriam esses pensamentos. Observei em mim mesma e na reação dos demais que todos os momentos em que me esforço por agir com pureza, desinteressadamente, sendo amável, pensando de verdade em fazer o bem, fazer o outro mais feliz, a simpatia ocorre. 

  

E onde a simpatia entra no assunto “amizade”? 

 

Será que a simpatia pode gerar e sustentar uma amizade? 

 

Mais uma vez, González Pecotche responde: 

 

“A amizade nasce do afeto que a simpatia cria, pois esta, como dissemos, é o centro gerador do afeto. Da amizade nasce a confiança mútua, e é esta a que cimenta e dá vida aos grandes vínculos.” Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 2, p. 151 

 

Então, aí está a importância da simpatia na geração de uma amizade. Olha que precioso! Esses elos formam a corrente que fortalece a amizade, tornando-a sagrada. 

 

E o que os grandes vínculos de amizade trazem para nossa vida? Como os manter? 

 

Tenho vivido algumas ricas experiências, onde a busca pelos mesmos ideais formou amizades para toda a existência. Mas, o que dizer de seres que amamos e que não pensam como nós? 

 

Estava experimentando algumas angústias com uma amiga que pensa opostamente em relação à política. Buscando elementos que pudessem colaborar conosco, encontrei estes conselhos que foram como um bálsamo para minha alma. 

 

“Na vida de relacionamento, é preciso buscar o entendimento de maneira simpática e afetiva. Nisso a mente há de desempenhar um papel muito importante, pois são os pensamentos os que devem ir ao encontro da afinidade ou criá-la, na medida do possível, conciliando inteligentemente as diferenças que existam no pensar e no sentir.” Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 2, p. 151 

 

“..sendo a simpatia a ponte de ouro que estendemos até seu coração e sua mente, e não sendo esta ponte nada impossível, devemos nos apressar para torná-la efetiva, a fim de que, por sua vez, a simpatia e o afeto que buscamos nos possam ser oferecidos através dela.” Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 2, p. 152 

 

Busquei no mais íntimo do meu ser compreender quais eram as razões dela e quais as minhas. Então comecei a exercitar a simpatia, que é uma das bases da amizade. Criei oportunidades para nos vincular e me propus a reforçar no meu interno todos os motivos que alimentaram nossa amizade por tanto tempo. Fiz um exercício muito interessante: o de separar a pessoa que ela é dos seus pensamentos, e da mesma forma fiz esse movimento comigo mesma. 

 

Observei e fui eliminando os pensamentos que não estimulavam a conciliação, pois esta é uma das bases de qualquer relacionamento — uma ponte de ouro que posso estender até o outro. Esse esforço interno foi realizado muitas e muitas vezes, e os resultados vieram. Dessa forma, conseguimos conviver de maneira harmônica, conciliando nossas diferenças, pois compreendemos que nenhum pensamento que não fosse para nos unir poderia fazer parte da nossa convivência. Hoje convivemos muito bem, e nossa amizade ganhou muito com o esforço que fizemos, mesmo cada uma pensando de modo oposto. 

 

E assim observei que todo e qualquer pensamento que não seja trabalhado com a mente e o coração cria o separatismo que leva os seres para a infelicidade da solidão. E assim, refleti também, como posso querer me vincular ao Criador, se não consigo vincular-me ao semelhante? 

 

Estou sentindo e compreendendo cada vez mais que a amizade é um sentimento que deve ser confirmado pela mente e sustentado pelo coração, através da conduta diária consciente. 

 

Para finalizar, mais um conselho brilhante do autor da Logosofia: 

 

“Seria o caso, portanto, de aconselhar aqui que cada um, ao se levantar pela manhã, tendo presente a importância de que se reveste esta realidade, adquirisse o costume de exercitar seu temperamento em diversos movimentos tendentes a manifestar uma modalidade agradável aos semelhantes com quem haverá de conviver; desta forma, conseguirá polir as asperezas, os atos intempestivos e os gestos chocantes, que sempre produzem reações adversas no próximo. Com isto, cada ser preparará sua conduta diária com verdadeiras vantagens para sua tranquilidade e felicidade.” Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 2, P. 188