Dias atrás, recebi uma solicitação de uma amiga dos tempos da faculdade: colaborar com o seu filho, que iniciaria um estágio em uma grande empresa na minha cidade. Disse também que a área de atuação seria de metalurgia; ele estagiaria em minas de extração de minérios.

Ouvi com atenção o áudio enviado e, prontamente, respondi com palavras de alento e atenção ao solicitado por ela, tranquilizando-a quanto ao que eu pudesse colaborar com seu filho.

O jovem já havia programado sua vinda; chegaria pela manhã no dia seguinte e necessitaria de ajuda na escolha de imóvel para se estabelecer, como também de dicas sobre alimentação, transporte, lazer etc.

Muitos pensamentos se alinharam na minha mente com o compromisso por mim assumido:

“Como atender a este pedido?”

“O meu tempo é escasso, como me adaptar para corresponder a esta demanda?”

“Como orientá-lo nas melhores escolhas?”

“O que fazer, pois isto não faz parte de minha rotina diária?”

Procurei encontrar em mim as melhores respostas e, para minha alegria, cresceu um pensamento altruísta e grandioso que se agigantou, eliminando outros presentes em minha mente naquele instante, principalmente os negativos de impaciência e intolerância.

Pensei: “Quando eu estudava e lutava por meus projetos pessoais, tive muitas portas abertas e amigos durante aquele período. É uma oportunidade ímpar poder colaborar com esse estudante e retribuir o bem recebido! Mãos à obra!”

Percebi naquele momento um entusiasmo em proporcionar a esse jovem o encaminhamento dos seus propósitos e me inteirar das suas necessidades, para poder lhe oferecer os estímulos e as orientações necessárias. Sendo assim, comecei o movimento de organizar e pesquisar, junto às pessoas do meu convívio, informações sobre moradias — algo incomum nas minhas atenções diárias!

Recordei que, na juventude, eu me transferi de cidade para conquistar conhecimentos e enfrentar exames vestibulares.

Morando na capital, percebi a diferença nos costumes, na cultura, nas agitações de uma grande cidade e também como deveria me comportar frente às adversidades.

Os primeiros anos foram difíceis, mas, por força da adaptabilidade, fui cultivando amizades, conhecendo seres de bondade extrema, e as portas se abriram ao meu novo modus vivendi.

Percebi também que o que aquele jovem estava vivendo era similar à minha história de vida e me apresentava uma grandiosa oportunidade: uma ponte entre atender às suas necessidades e fortalecer uma amizade.

Encontramo-nos e realizamos um tour pela cidade.

Ao final, fomos para minha casa, onde almoçamos, e ele pôde conhecer minha família. Formamos um vínculo de amizade.

O aprendizado que obtive com esta experiência singela foi grandioso e motivo de muita gratidão. Refleti que devemos promover o bem e que ele deve ser distribuído e ampliado aos seres ao nosso redor — na maioria das vezes, o maior beneficiado somos nós mesmos.

Aprendo com a ciência logosófica que “cada oportunidade é uma fração de tempo que tem muito a ver com nossa vida. Prepare-se para aproveitá-la, porque, se não o fizer, passará junto a você em silêncio, como uma sombra, e a perderá irremediavelmente.”

Danilo José Ulhoa

Paracatu, 9 de fevereiro de 2021