Durante muito tempo, recusava-me a pensar nos conceitos de vida e de morte. Os motivos dessa falta de interesse sobre o assunto eram variados, e fugir do tema me dava segurança ou, melhor dizendo, uma falsa segurança.

Recordo-me que, quando era adolescente, aprendi com meus pais que, para viver bem a vida, deveria ser honesta, bondosa e respeitosa com as pessoas. Muitos foram os exemplos de atitudes honradas que meus pais me transmitiram para viver e conviver bem com os demais, tendo essas características em conta.

 

No entanto, quando o assunto era morte, o temor surgia e, com ele, meu total desinteresse.

Há algum tempo estudo Logosofia. Esse estudo tem-me feito querer recordar, refletir e pensar sobre tudo. E nesse tudo entram muitos temas, inclusive a vida e a morte. Em alguns momentos, esse querer cresce, e um deles é quando nasce um bebê na família ou próximo a mim. O nascimento traz vida, esperança, confiança na perpetuidade. Entre o nascimento e a morte, ocorrem muitos processos que permitem, com o tempo e o exercício da observação, recordar e cultivar gratidão pela vida. Afinal, a vida é uma grande oportunidade para viver e também para morrer. Parece estranho, mas não é.

Com a maturidade, o valor que tenho dado aos novos conhecimentos em minha vida me estimula a recordar, refletir, pensar e sentir a vida como um presente que me foi outorgado por Deus. Hoje não fujo mais do assunto morte, nem a temo como antes. Mas penso muito mais na vida, busco ocupar-me dela e dar muito valor a cada momento e a cada nova oportunidade que surge. Esforço-me para cuidar do meu corpo físico e da vida dos meus pensamentos e sentimentos, pois é com eles que experimento pequenas e grandes emoções da vida e da morte.

Algumas pessoas podem pensar: “Mas será que ela já perdeu alguém muito querido para fazer essas reflexões?” E a resposta é sim. Justamente por viver cada alegria e cada luta que a vida nos proporciona é que tenho chegado a essas e outras conclusões.

Por tudo isso, hoje vejo minha vida com mais serenidade e leveza, encaro-a como uma oportunidade de aprender e superar a mim mesma. Passo a ter assim um objetivo muito maior para viver e conviver — sem que o temor à morte ou o temor ao que a vida ainda me pode oferecer impeçam que eu seja grata às pequenas porções de bem que formam a verdadeira felicidade.