Se todos dispõem de 24 horas por dia, por que alguns sentem que seu tempo não é suficiente?
Por que enquanto alguns conseguem realizar muitas atividades durante o dia, outros vivem sufocados pela “falta de tempo”?
Como tenho usado o meu tempo? Por que e para que preciso de mais tempo?
Eu sempre usei as horas do meu dia para minhas atividades pessoais, profissionais e sociais, além de dedicar tempo às pessoas queridas. Ao iniciar os estudos logosóficos, eu me dei conta de que precisava reservar tempo também para a minha evolução humana: para conhecer a mim mesma, superar meus defeitos, aperfeiçoar minhas qualidades, ampliar minha consciência e enriquecer meu espírito.
A Logosofia ensina que o tempo nos assiste em todos os momentos da vida; tudo no universo é regido pela intervenção da Lei do Tempo. Esta Lei, exata e justa, estabelece normas e regras implacáveis, sem distinção. Por exemplo, por mais que eu queira retroceder, o tempo passado não volta. Por isso, é essencial aprender a administrar o próprio tempo de modo a ampliá-lo, pois dele dependemos para realizar tudo e conduzir adequadamente nossa vida física e espiritual. E como tenho seguido as orientações logosóficas nesse sentido?
Primeiramente, comecei a me perguntar se estava satisfeita com a condução da minha vida e de que maneira poderia conduzi-la de modo mais acertado e consciente. Depois, passei a refletir sobre as atividades do dia seguinte para que, ao acordar, meus pensamentos já estivessem prontos para iniciá-las. Então, busquei ordenar minhas atividades diárias, destinando a cada tarefa o tempo necessário e empenhando-me em não me alongar em nenhuma, garantindo assim que todas as atividades tivessem seu devido espaço.
Para organizar minha vida, foi necessário aprender a ordenar os pensamentos em minha mente. Para isso, precisei conhecê-los e selecioná-los, identificando aqueles que me levavam a atuar de forma desordenada e a perder tempo com coisas sem importância.
Nesse exercício, observei que, além do pensamento de desordem, havia outro que me prejudicava: a impaciência. Passei, então, a vigiar suas manifestações. Constatei que a pressa surgia toda vez que eu desobedecia ao meu propósito de realizar as atividades no tempo previsto, quando as substituía por outras ou, ainda, quando a preguiça predominava e eu resistia a cumpri-las. Nesses momentos, o tempo simplesmente me faltava.
Com a Logosofia, tenho aprendido que, para administrar bem meu tempo, o conceito de “paciência inteligente” – como atitude mental ativa – é essencial. Percebo que, ao me manter atenta e mentalmente ativa enquanto aguardo o resultado de algum assunto iniciado, procuro pensar sobre o que devo fazer para garantir seu sucesso, buscando caminhos para sua concretização.
O autor da Logosofia ensina a reduzir o tempo gasto em cada atividade. Por exemplo, se normalmente levo quatro horas para realizar uma tarefa e consigo completá-la em um período menor, ganho uma parcela desse tempo para me dedicar a outras atividades.
Em algumas situações, posso desenvolver mais de uma atividade no mesmo intervalo de tempo; ou seja, enquanto aguardo a finalização de uma, realizo outra Por exemplo, enquanto aguardo meus netinhos na natação, posso ler um livro. Dessa forma, aproveito o tempo de espera.
Administrar o tempo não é simples nem fácil. Não basta querer organizar as atividades nas 24 horas do dia. É um exercício diário, de atenção e consciência, que exige determinação e clareza sobre os propósitos e metas a alcançar.
A Logosofia ensina também a não esquecer o tempo vivido, buscando unir os tempos de igual natureza – como aqueles dedicados à família, à profissão e às pessoas queridas. Ao fazer isso, ampliamos o valor do tempo vivido.
Tenho um filho que mora distante e, por isso, nosso convívio é frequentemente interrompido. Para manter viva a sensação de sua presença e do nosso afeto, procuro unir na recordação os momentos que passamos juntos, como se não houvesse interrupções. Faço o mesmo com os tempos dedicados às minhas diferentes atividades, mantendo-os ordenados e presentes em minha recordação.
Ao conectar esses tempos, sinto a agradável certeza de que cada atividade realizada compõe minha vida e que, quanto mais realizo, mais vida incorporo à minha consciência. Nesse exercício de administrar, ordenar e unir os tempos, experimento esse tempo eterno que me permite desfrutar de uma existência mais consciente.