Comportamento

A Liberdade Que Está Dentro

julho de 2020 - 3 min de leitura
Comportamento

A Liberdade Que Está Dentro

julho de 2020 - 3 min de leitura

Durante muito tempo ouvi a seguinte frase: “No final, tudo vai ficar bem. Se não está bem é porque ainda não chegou no final.” E eu me perguntava: – Então quer dizer que não preciso fazer muita coisa, é só esperar o tempo passar e tudo vai ficar bem? 

Ao longo do tempo, cada um se depara com situações em que é preciso fazer escolhas e tomar decisões: que faculdade quer cursar, em que cidade quer morar, que rumo dará à vida profissional. Escolhas que são grandes e logo promovem, de modo visível, mudanças na vida.

Há também as pequenas escolhas: falar ou não o que se pensa, ir ou não a determinado lugar, se é saudável ou não cultivar determinada amizade… Decisões que em princípio não mudam em nada a vida, mas que, se não foram bem pensadas, podem dar à vida um rumo que não seja o pretendido. 

Quando se cultiva uma amizade, cultiva-se também a simpatia, o respeito e a confiança; descobrem-se gostos em comum, afinidades. Com o convívio mais próximo, estabelece-se, muitas vezes, entre os amigos o que eu costumava chamar de “liberdade” para falar tudo o que se queira. 

Pertencer a mim mesma ou aos demais?

Eu tinha uma amizade. Gostava tanto dessa pessoa que podia dizer que confiava mais nela do que em mim mesma. Sem que eu percebesse, essa grande confiança levou-me a um caminho que não me agradava: o que a outra pessoa dizia era mais importante do que eu pensava. Se ela dizia que eu não iria conseguir, eu sequer tentava; se ela dizia que determinado jeito era melhor, então eu fazia.

Ficava cada vez mais presa a pensamentos e vontades que não eram meus.  

Diferentemente do que eu pensava antes, o tempo estava passando e não estava ficando “tudo bem” em vários aspectos da minha vida. As perguntas começaram a surgir:

  • “O que quero do meu futuro? 
  • Isso é mesmo o certo a fazer?
  • Sou capaz de fazer diferente?”

Percebi então que eu precisava de liberdade para ser quem eu era e não o que os outros queriam que eu fosse. Não precisava ser livre para falar impulsivamente o que eu pensava, e, sim, ser livre para atuar da forma que eu julgava ser a correta

Se eu continuasse vivendo a situação da mesma forma, olhando somente para fora, continuaria vendo o que os outros diziam e nada mudaria. Senti então que eu precisava olhar para dentro de mim mesma e confiar no que me diziam a minha mente e a minha sensibilidade. 

O florescer da própria liberdade

A confiança em si mesmo pode ser construída, e comecei a construí-la conhecendo-me e perguntando:

  • Quem eu quero ser?
  • O que eu já conquistei até aqui?
  • O que eu sou capaz de fazer? 

Ao voltar a atenção para dentro de mim, vi que ali havia um ser valente e disposto a enfrentar as lutas que precisasse para se tornar melhor e mais capaz, que teria dificuldades, mas teria onde buscar recursos para enfrentá-las.  

À medida que se constrói o próprio ser com confiança no que se pensa e no que se sente, as amarras que nos prendem à opinião dos outros se soltam e as prerrogativas de escolher o próprio futuro e destino se ampliam. Viver o que os pensamentos dos outros determinam deixa então de fazer sentido. 

Para que tudo fique bem, não basta esperar que o tempo passe e as situações se resolvam sozinhas. Para conquistar a liberdade e atuar conforme o pensar e o sentir indicam, é necessário ser ativo frente ao futuro que se quer viver. 

Tags: Amizade, Liberdade,

Um pensamento de

Você também pode gostar

Comportamento

Os sentimentos enobrecem o ser humano

A vida que foi vivida e que pertence ao passado pode permanecer no presente ao ser recordada com emoção. E cada vez que é trazida para o momento atual, convida a novas reflexões, enriquecendo o vi...

Comportamento

É possível ver o erro como princípio de acerto?

No artigo a autora relata uma experiência com um dos filhos em relação a um pensamento que vinha se intensificando em sua mente. A sua preocupação era de não ceder a vontade da criança em perdo...

Comportamento

O cultivo da gratidão e o propósito de estender o bem aos demais, por Alexandre Anderaos | Logosofia

Como um gesto simples pode revelar a força transformadora da gratidão? De que modo lembrar o bem recebido nos protege do vazio do esquecimento? Como a prática da gratidão se articula com os ensina...