Muito se fala da “Lei do Mais Forte” para expressar manifestações violentas de pessoas, nações e na disputa pela sobrevivência no mundo animal, o mais das vezes com sentido de reprovação ao episódio observado.

O que geralmente não se faz é internar-se na essência dessa inegável verdade para compreender seu significado e a necessidade da existência de tal força.

Com efeito, a Lei do Mais Forte é uma verdade inegável e necessária ao funcionamento de todos os processos universais.

Em um sistema planetário, é necessário um astro central, que, com sua massa, da qual deriva sua grande força gravitacional, mantenha a coesão e o equilíbrio de todo o sistema.

Esse sistema requer também, para cumprir seus objetivos de dar surgimento e manter a vida que deverá abrigar, uma fonte poderosa de energia. Quem cumpre esse papel no sistema solar é o astro central, o Sol.

Trazendo a experiência para nosso planeta natal, a vida aqui abrigada depende de muitas fontes de sustentação, como água, ar e alimentos diversos, cuja força e utilidade cumprem suas finalidades com grande desprendimento e generosidade.

Na própria espécie humana, de forma espontânea, os fortes sustentam os fracos desde o nascimento, transmitindo-lhes força com suas aptidões e seus conhecimentos, sem a qual a continuidade da espécie estaria seriamente ameaçada.

Sendo, pois, geral e necessária, essa ação dos mais fortes, em benefício de processos universais de menor hierarquia e poder, configura-se como Lei Universal.

Mas existe outro aspecto fundamental dessa lei, que passa despercebido na maioria das vezes — sua atuação na conduta humana. Seu acatamento é fonte de felicidade e sua infringência é a causa de muitos desencontros e sofrimentos.

Nesse aspecto humano, essa lei é acatada quando a força o impulsiona para o bem, em harmonia com o mandato de todas as demais leis que regem a vida universal, e é violada quando utilizada para fazer o mal, em qualquer de suas formas. E esse mal se manifesta, por exemplo, quando se utiliza a força do conhecimento para enganar e subjugar a vontade alheia.

Também se faz presente na educação, quando a força de que se reveste o educador é usada para impor crenças e vontades, em vez de ensinar a pensar e capacitar o educando para exercer plenamente sua liberdade de pensar e de agir.

Essa lei é violada até nos pretensos atos de caridade que não ensinam o ser a bastar-se a si mesmo e corresponder ao bem recebido.

A Logosofia, com sua original e clara concepção do ser humano — no livro Deficiências e Propensões do Ser Humano —, revela detalhes do abuso dessa lei nas relações humanas em atitudes generalizadas decorrentes do que ela denomina de deficiências psicológicas como a soberba, a aspereza e a intolerância.

Nesse livro, o autor, Carlos Bernardo González Pecotche, ensina que “toda deficiência é produto do desvio experimentado pelo homem na integração de suas qualidades e do mau uso de suas condições intelectivas, psíquicas e morais. O desconhecimento de seu próprio existir como entidade consciente e capaz o leva a cometer inúmeros erros, que depois afloram como deficiências impressas em sua psicologia”.

Portanto, a Lei do Mais Forte é uma Lei Universal que, quando acatada, gera a paz e a felicidade humana e, quando desrespeitada, promove toda sorte de sofrimento e infelicidade.

Brasília, 1º de maio de 2021

Carlos Roberto Veroneze