Terno passado. Banho tomado. Cabelo arrumado. Amigos reunidos. Prontos para a festa! Esse foi o cenário para viver o tão esperado dia: a primeira festa de 15 anos e, ainda, da melhor amiga da escola. Você também já viveu isso? Naquele final de semana, estava tão entusiasmado que convidei quatro amigos para nos prepararmos juntos em casa e chegarmos triunfantes para a grande noite.

Minutos antes, a campainha tocou. Adentraram dois outros amigos vizinhos do prédio, também convidados da festa. Surpreenderam-nos, trajando roupas de futebol e com uma bola debaixo do braço, convocando a galera para jogar uma partidinha na quadra.

De pronto, percebi a presença de invasores! Invasores? Os amigos? Não! Os seus pensamentos! E que turbilhão de pensamentos apareceram em nossas mentes! Ficamos atônitos, sem saber a quem atender: àqueles pensamentos alheios ou à real vontade de ir à festa e aproveitar o máximo possível? E, em meio a essa movimentação mental, para piorar a situação, esses dois amigos começaram a falar que éramos muito crianças e que os “tops” só chegam às festas à meia-noite.

Fomos acometidos pelos invasores invisíveis! Sabia que pensamentos alheios podem invadir nossa mente sem percebermos? Você sabia que pensamentos são entes autônomos, com vida própria? Que passam de uma mente para outra contrariando nossa vontade e influindo poderosamente na nossa vida? Já se sentiu invadido? Então, foi exatamente isso que aconteceu!

Naquele instante, o pensamento de ir à festa foi expulso da nossa mente e, em seu lugar, assumiu posição o pensamento da vaidade de entrar nesse grupo tão seleto dos “tops”. Começou a movimentação! Tira sapato, gravata, terno, e entra em ação o traje do futebol! De roupa trocada e prontos para descer!

De repente, entrou no quarto a minha mãe para saber o que estava acontecendo. Surpresa com nosso novo figurino, indagou sobre o motivo que nos levou a trocar de roupa. Desistiram de ir à festa? Ouvindo as infundadas respostas, fez, então, as vezes da nossa consciência, convidando-nos a pensar, observar e refletir sobre tudo que envolvia aquela oportunidade.

Atentamos para o cultivo do sentimento da amizade, começando por atender e corresponder ao convite especial da aniversariante que nos convidou por sermos seus amigos especiais. Consideramos o tempo e esforço que ela dedicou no preparo da festa e percebemos a importância de cumprir os combinados, ter pontualidade, ser fiel a si próprio e manter-se firme nos propósitos. Afinal, cada coisa tem a sua hora! A quadra não sairia do lugar, a bola estaria guardada para, no dia seguinte, jogar a partida sem nenhuma perda. E o aniversário, não seria uma perda irremediável? O que fazer diante desse impasse?

A Logosofia ensina que “para tudo há soluções, mas é necessário encontrarmos as mais felizes. E as mais felizes não podem ser outras que as que permitem uma mudança em nós mesmos”.

A solução estava dentro, e não fora de cada um de nós! Após ser acometido por esse bombardeio de pensamentos, fui percebendo que não estava agindo de acordo com meus próprios pensamentos, mas sim com os pensamentos alheios. Então, tomei o comando do meu verdadeiro querer. Em instantes estávamos prontos, pois os ponteiros do relógio denunciavam a nossa partida dentro de poucos minutos.

Observei que, não só no fato ocorrido, mas em muitas outras situações do dia a dia, se não estou atento e vigilante, sou presa fácil, joguete dos pensamentos contrários à minha vontade, podendo ser levado por outros pensamentos que transitam nos ambientes em que frequento, seja na escola, nas relações pessoais ou nas mídias e redes sociais.

Dentro de mim, um alerta sinalizou a ausência de elementos de defesa e a minha incapacidade de pensar e decidir por mim mesmo. Mas, com os estudos logosóficos, tenho aprendido que os pensamentos se manifestam de diversas formas, como entes invisíveis que habitam nosso interno, sem que sequer notemos sua presença. Exemplo disso está no pensamento de vaidade que identifiquei entrando em nossa mente e que, sem percebermos, desviou nossa vontade de ir para o evento em detrimento de ser “top”.

Então, tenho que estar atento às movimentações desses pensamentos negativos e saber identificá-los, selecioná-los e, mais que isso, freá-los antes que atuem, evitando manifestações como essas, que podem provocar desacertos e infortúnios e até comprometer o meu ser do futuro. Assim, não basta viver sabendo que existem pensamentos alheios, mas sim viver de forma consciente para selecionar e fazer uso dos melhores pensamentos para a condução da minha vida.

Tenho comprovado que o preparo dos pensamentos é fundamental para viver conscientemente cada atividade do meu dia a dia, ou seja, ter pensamentos pensados para não defraudar os meus planos e objetivos traçados. Esse domínio consciente dos pensamentos favorece o fortalecimento da minha vontade e dos meus propósitos. Naquele dia, se eu tivesse preparado meus pensamentos para ir à festa, certamente não teria alterado o meu propósito com a chegada dos meus amigos e, por consequência, iríamos para a festa com o mesmo entusiasmo e sem percalços.

Extraí dessa vivência a importância de conhecer e utilizar minha inteligência e, em especial, a faculdade de pensar, refletir e observar para melhor atuar e ser digno dessa grande oportunidade. O ser humano é o único ser dotado desse privilégio. Por isso, a Logosofia entra em cena de forma fundamental, oferecendo os conhecimentos que me permitem aprender a pensar no que verdadeiramente quero para a minha vida e cultivar cada vez mais os pensamentos de bem.

Mas, e esses invasores invisíveis? A cada momento do dia, eu, você e toda humanidade nos deparamos com diversos deles. Como podem ver, eles desviam em primeiro lugar nossa atenção, de forma camuflada e dissimulada, depois tentam nos iludir, mimar, tirar do foco e trair a nós mesmos. Sei que ainda estão por aí e que terei outras lutas com eles em minha vida, mas o que eles não sabem é que hoje tenho o conhecimento que os faz visíveis à minha consciência — e que me faz capaz de governar minha própria vida.