Engraçado, dia desses, conversando com minha filha, ela me dizia sobre a sua percepção da educação que havia recebido. Ela comentava que, agora, já adulta e observando a outros jovens, ficava visível como muitos deles queixavam-se de tarefas simples que precisavam executar e por pouca coisa se sentiam desanimados e sem entusiasmo.

Para ela, isso não fazia muito sentido já que desde cedo foi estimulada a fazer as coisas por própria conta, correr atrás do que queria e, sobretudo, foi incentivada a ter valentia para encarar a vida com ânimo e alegria, mesmo nas horas difíceis. Fiquei feliz, não vou negar, com o seu reconhecimento e fiz muitas reflexões a partir desse comentário.

Em primeiro lugar quando pensamos em educar alguém, nós, pais, queremos acertar. Fazer de tudo para que aquele que está sob nossa responsabilidade seja uma pessoa de bem, saudável e, de preferência, que seja mais feliz que nós mesmos.

Quando a educação é pensada como o maior legado que uma pessoa pode deixar a outra, este ato torna-se muito mais valioso. Isso é o que afirma a Logosofia:

depois do cuidado com a própria superação, ocupar-se de outra pessoa, favorecendo também a sua evolução, é a tarefa mais sublime que alguém pode ter.

Pois bem, quando recordo das tantas crianças que nascem e são educadas por nós, que já estamos nesse mundo há mais tempo, logo me vem à mente muitas mulheres que conheço.

Recordo de minha bisavó, que chamávamos de Vó Branca em função de seus cabelos cor de algodão, crochetando delicadamente colchas e bicos de pano de prato por horas a fio. Mulher forte, viveu por 90 anos, criou duas filhas sozinha lavando roupa com muita dignidade.

Uma de suas filhas era a minha avó, Antônia, a vovó Tonha. Essa era uma máquina de trabalhar: veio da roça para a cidade e tornou-se dona de pensão. Acolhia os doentes vindos do interior e também todos que passavam pela sua calçada precisando de ajuda. Também viveu muito e deixou sua marca nesse mundo.

Minha mãe, filha e neta dessas duas mulheres, não fugiu à regra: mulher forte, trabalhava muito ao lado de meu pai na mercearia e honrava o seu nome. Como comerciante que fora por mais de 40 anos, tinha o maior patrimônio que alguém podia ter: um nome limpo e um conceito de pessoa honrada.

Recordar essas mulheres me faz sentir confiança. Passam pela minha mente os rostos de minhas irmãs, sobrinhas, tias, amigas e muitas, muitas mulheres que conheci. Pessoas generosas, ocupadas com a vida de seus filhos, maridos, familiares. Empenhadas em ser exemplo de honradez, responsabilidade e sensibilidade.

Há um tempo atrás, nascia mais uma mulher em minha família: minha sobrinha-neta, uma das crianças mais fofas que já vi. Ao carregá-la no colo, fui tomada por uma emoção boa e, olhando para aquele rostinho redondo, pensei: uma linda menina, que poderá vir a ser uma grande e valente mulher!

Valentia. Há que ter valentia para encarar a vida e para ser mulher. Não foi isso que a minha filha valorizou na sua educação? Para nós, mulheres, talvez seja este o valor que mais precisamos cultivar todos os dias.

Valentia para cuidar da nossa vida e da vida dos demais. Valentia para pensar, refletir e agir com serenidade e sensatez. Valentia para olhar para um filho, um sobrinho, um amigo e dizer-lhe que existem fases difíceis, mas há outras maravilhosamente lindas na vida.

Valentia para ser uma mulher que pode elevar o lugar aonde mora, trabalha e se diverte. Valentia para ser uma mulher que pode despertar o gosto pelas artes, pela boa conversa, pela vida. Uma mulher assim é sempre bem-vinda!

Dia 8 de março: dia de quem mesmo? Ah! Dia de todas as mulheres, mães, filhas, irmãs, avós, tias, sobrinhas. Todas que sabem que a natureza feminina tem seus segredos, mas que o maior segredo que existe é saber viver essa vida que, sem sombra de dúvidas, é uma grande oportunidade! Valentia mulheres!