Ah, a infância… Época de grandes aprendizados, alegrias, primeiras experiências, inquietações, descobertas, surpresas com a vida e encantamentos. Esta fase faz meus olhos brilharem, aquece meu coração e movimenta minha mente com perguntas profundas, especialmente aquela que ecoa do anelo de ser mãe: como educar meus filhos de forma assertiva para que cresçam conscientes de seu papel diante da humanidade?
Refletindo ainda sobre a infância, compreendi que conectar a criança que fui à jovem que sou hoje é essencial para me aproximar da minha essência. Surgiu, então, uma pergunta indispensável: que criança fui eu? Movimentando meu mecanismo mental e sensível em torno dessa pergunta, muitas imagens e recordações da infância vieram à tona. Mas uma, em especial, chamou minha atenção: a intensa vontade de colaborar. Minha família sempre recorda como eu, ainda muito pequena, fazia questão de ajudar no que fosse necessário. Contam, por exemplo, a vez em que carreguei latas pesadíssimas de tinta como se o peso nada fosse.
Hoje, observo como esse pensamento de querer colaborar já era nato em mim, levando-me a buscar e criar oportunidades de ser útil nos ambientes em que convivo. Aprendi, pelos conhecimentos logosóficos, que essa vontade de colaborar, de ser melhor, existe em todos os seres – às vezes latente, às vezes a pleno vapor. E você, querido leitor, consegue observar essa inclinação em si mesmo? Uma tendência que faz parte não só de cada pessoa, mas da humanidade como um todo.
O que me leva a refletir: de onde surge essa vontade de colaborar? Em que recanto interno nasce esse impulso de ser melhor e mais bondosa com os demais? E hoje, com o passar do tempo, essa vontade permanece viva?
Percebi que, à medida que amadurecia, minha percepção sobre o ato de colaborar se transformava. Já não via em carregar latas de tinta um gesto significativo; imaginava que deveria fazer algo maior, colaborar com mais pessoas, impactar o mundo. Mas como? Como colaborar verdadeiramente com a humanidade?
A mudança em minha maneira de pensar e de conduzir minha vida ocorreu quando compreendi, em profundidade, o conceito de humanidade. Aprendi que eu mesma faço parte dela, assim como minha família, meus amigos e todos aqueles com quem convivo. Essa compreensão, embora pareça simples, mudou tudo: afinal, como colaborar com uma multidão se não sou capaz de colaborar com quem está ao meu lado? Iniciando pelo ser mais próximo, eu mesma, quando sou capaz de superar aspectos inferiores no meu próprio ser interno, dou um passo essencial que me capacita para exercer o bem aos demais.
Seguindo meus estudos, encontrei na sabedoria logosófica um ensinamento que vibrou em meu íntimo:
Conseguir que as próximas gerações sejam mais felizes que a nossa, será o maior prêmio a que se possa aspirar. Não haverá valor comparável ao cumprimento dessa grande missão, que consiste em preparar para a humanidade futura um mundo melhor. Introdução ao Conhecimento Logosófico, p. 252
Foi assim que minha espiral de conhecimento deu mais uma volta. Ao internalizar que todo bem consciente feito aos outros contribui para a felicidade da humanidade, compreendi que até carregar latas de tinta pode ser uma grande colaboração — pois há esforço, pureza e amor na ação. E essa pureza, expressa em pequenos gestos, pode inspirar outros a também se moverem, a também carregarem suas “latas de tinta” — e, assim, juntos, damos passos firmes na construção de uma humanidade melhor.
Hoje, mantenho permanentemente em meu coração o propósito de levar o bem aos que me rodeiam, para que, no futuro, já como mãe, eu possa expandir em meus filhos a vontade de servir à humanidade. Assim, como ensina a Logosofia, meu anelo é que as gerações futuras possam ser mais felizes do que as de hoje. Para isso, faço a minha parte, consciente da grandeza da missão que pertence a todos nós.