Afinal, o que é bastar-se a si mesmo? 

Será que todos podem ser responsáveis por seu próprio bem-estar ou alguns, de fato, precisam de ajuda para sempre? Em que medida? Se eu afirmo que  me basto a mim mesmo, isso significa que não posso pedir ajuda a ninguém? A atitude de bastar-se a si mesmo é uma demonstração de arrogância ou de humildade? 

Bastar-se a si mesmo não é uma situação estática. Muito pelo contrário, é um estado interno de constante movimento em busca do conhecimento. 

Recentemente, completei um ciclo de estudos de mais de três anos para uma certificação internacional na minha área profissional. Foi um período de muita dedicação que ocupou grande parte dos meus dias e das minhas noites, mas que me proporcionou uma profunda satisfação por não me deter diante do medo do fracasso ou do que os outros iriam pensar caso eu não obtivesse sucesso em cada uma das três provas. Ao final desse processo, ficou a comprovação de ter superado os pensamentos de dúvida quanto à minha capacidade, bem como as propensões à indisciplina, ao fácil, ao comodismo e à preguiça.

Portanto, compreendo que bastar a mim mesmo está mais relacionado a ativar a minha vontade e a minha decisão para me capacitar e desenvolver as aptidões que me faltam e que me impedem de me superar em face das diversas circunstâncias da vida.  

Tenho aprendido com a Logosofia que tudo o que faço é reflexo dos pensamentos – próprios ou alheios – que habitam a minha mente. Por isso, para que eu possa bastar a mim mesmo, preciso ser consciente da minha vida e do mundo interno que existe em mim. É fundamental reconhecer quais pensamentos circulam em meu ambiente mental e, sobretudo, cultivar aqueles que me auxiliam a adquirir os conhecimentos necessários para superar minhas limitações. 

Por exemplo, se identifico a limitação da falta de vontade, sei que preciso cultivar a decisão. Preciso criar estímulos que impulsionem minha vontade  por meio do conhecimento, advindo do cultivo dessa decisão. O estímulo ativa minha inteligência e desperta o sentimento que me move com a valentia necessária para querer ser mais do que sou, sem temor do fracasso  Sei que o pior fracasso é não me esforçar e não tentar.  

A essência da vida humana é ser consciente de que a luta contra  os pensamentos negativos e limitantes é uma lei da vida.  Nessa luta, o livre pensar é indispensável, pois faz frente ao pensamento positivo e valoriza o resultado alcançado. 

Na minha vida pessoal, também preciso me capacitar para ser o melhor que posso ser a cada etapa da minha existência. No meu caso, preciso ser mais paciente comigo mesmo e com os seres com quem convivo. Não posso delegar a outros essa responsabilidade.

Todos nós podemos e devemos bastar a nós mesmos, respeitando, porém,  a capacidade de cada indivíduo. Cada um sabe se está se esforçando o suficiente para alcançar a constante melhora ou se está acomodado no seu estado atual. Trata-se de observar a si mesmo e perseguir esse equilíbrio, respeitando as próprias limitações, que podem e devem ser superadas gradualmente, do pouco ao muito.     

 Bastar-se a si mesmo é uma atitude de valentia e consciência – não de arrogância. O arrogante utiliza seus conhecimentos para se mostrar superior. Aquele que busca novos conhecimentos, colocando-se à  prova, demonstra humildade ao aprender com a ajuda de outros que já possuem o conhecimento que lhe falta  e enfrenta com determinação possíveis fracassos que, no futuro, poderão se tornar sucessos ainda maiores, desde que extraia deles os elementos necessários para vencer.