Comportamento

As defesas mentais protegem a mente de pensamentos negativos

outubro de 2025 - 5 min de leitura
Comportamento

As defesas mentais protegem a mente de pensamentos negativos

outubro de 2025 - 5 min de leitura

As defesas mentais protegem a mente de pensamentos negativos

A mente precisa ser protegida? De quê? 

Defesas mentais – por que e para quê?

Defesas mentais – por que e para quê?

 

No início dos meus estudos de Logosofia, tomei contato com a expressão “defesas mentais”. Achei-a intrigante, e muitas perguntas vieram à minha mente: defesas? Contra o quê? 

Se há necessidade de defesa, significa que existe a iminência de um ataque. Que ataque seria esse? Um ataque mental? Como assim? Ainda pensei: conheço defesa pessoal, bélica, contra invasores, agressores, inimigos – todas utilizando como recurso o corpo, o escudo, as armas… ou seja, defesas físicas. Mas como seriam essas defesas mentais?  

Para encontrar essa resposta, foi necessário entrar em contato com o conceito logosófico de pensamento. Trata-se de

entidades psicológicas que se geram na mente humana, na qual se desenvolvem e ainda alcançam vida própria. (Logosofia, Ciência e Método, p. 55)

Entidades? Significa, então, que são como seres vivos que habitam a minha mente? 

Por mais espantoso que me tenha parecido à primeira vista, comprovei que era exatamente isso. 

Descobri, por meio de uma observação atenta, que trago em minha mente “entes-pensamentos” que podem ser tanto próprios – criados por mim mesmo – quanto alheios – criados por outras mentes e acolhidos por mim, seja porque concordei com eles, seja porque me foram inculcados em determinado momento da minha vida. 

Um exemplo desses últimos temos nas propagandas, que criam desejos antes inexistentes – por um objeto, uma comida, uma peça de roupa etc. – por vezes sem que eu tenha, de fato, necessidade. O que ocorre nesses casos é que o pensamento que criou a propaganda passa para a minha mente, que, sem nenhuma defesa, acolhe o que está sendo vendido como uma verdade ou até mesmo como uma vontade própria.

Ah, então quer dizer que é disso que eu tenho de me defender? Também. 

Com os estudos logosóficos, pude observar que existem pensamentos de diversas índoles, além dos próprios e alheios já citados: há os positivos e negativos, os úteis e inúteis; os pensamentos-conhecimento, os pensamentos-propósito, os pensamentos dominantes ou intermitentes; e todos eles podem agir de forma autônoma ou depender da nossa vontade

Quais tipos de pensamentos carrego comigo? Esse é um dos trabalhos de investigação que preciso realizar para me tornar dono da minha própria mente – um trabalho maravilhoso, que parte do esforço para alcançar o conhecimento de mim mesmo. 

Seguindo o método logosófico – que é como uma lanterna que ilumina os lugares mais recônditos do meu ser interno –, vou descobrindo, um a um, os pensamentos que trago comigo e que, sendo agentes da psicologia humana, vêm determinando minha maneira de ser, pensar e agir, tanto positiva quanto negativamente.

Dentre os inúmeros livros da bibliografia logosófica, há um que se intitula Deficiências e Propensões do Ser Humano, que trata de uma categoria muito particular de pensamentos e apresenta o seguinte enunciado:

A Logosofia chama assim (deficiências) ao pensamento negativo que, enquistado na mente, exerce forte pressão sobre a vontade do indivíduo, induzindo-o de modo contínuo a satisfazer seu insaciável apetite psíquico. (Deficiências e Propensões do Ser Humano, p. 17)

  Este livro apresenta 44 deficiências e 22 propensões, sendo algumas delas a impaciência, a intolerância, a irritabilidade, a rigidez, a aspereza. Vale observar com atenção este aspecto: tais pensamentos exercem forte pressão sobre a vontade do indivíduo.

Recordo já ter lamentado falar de forma ríspida com um ser querido e, contra minha vontade, magoá-lo. Não era a minha vontade, mas sim a pressão de um pensamento negativo na mente, uma daquelas deficiências psicológicas. Era um inimigo que precisava ser identificado e combatido.  São entidades, seres vivos que, embora invisíveis aos olhos físicos, podem ser claramente percebidos pelos olhos do entendimento quando se emprega a lupa logosófica – esse conhecimento básico fundamental à criação das próprias defesas mentais.

O estudo logosófico vai nos tornando hábeis nesse exercício de identificar, classificar e selecionar os pensamentos, permitindo-nos optar por povoar a mente com aqueles que favorecem os aspectos positivos da vida e, ao mesmo tempo,  controlar atentamente aqueles que podem causar estragos, por vezes irreversíveis. 

Não é raro vermos seres que se amam, que nutrem profundo afeto – familiares, amigos de décadas, casais – se desentendendo por se submeterem à tirania de pensamentos que são inimigos internos, atentando contra a estabilidade, a harmonia e a boa convivência. Casais que, no início do relacionamento, juraram amor eterno, mas  que não possuíam defesas contra pensamentos de impaciência, intolerância, rigidez, inadaptabilidade etc., permitiram que esses pensamentos se sobrepusessem ao sentimento, sufocando-o pouco a pouco, até chegar a uma triste separação. 

Como este, há diversos exemplos nos mais variados aspectos da vida, todos passíveis de serem conduzidos de uma nova maneira quando se aplica o conhecimento logosófico.  E não somente em relação aos pensamentos, pois esse conhecimento abarca também a dimensão dos sentimentos – poderosa força com a qual devemos contar para afastar os inimigos mentais que causam tantas amarguras e infelicidade ao gênero humano.

O cultivo do afeto, da gratidão, da alegria, da simpatia, da amizade, bem como a recordação da causa que lhes deu origem e dos momentos felizes que levaram ao seu fortalecimento, constituem-se em grandes defesas mentais

Outra defesa poderosa é a reflexão, que convida a olhar por diferentes pontos de vista, buscando o verdadeiro valor de cada aspecto relacionado à vida interna e à vida de relação: por que me sinto assim? Por que isso me desagrada tanto? Esse motivo é realmente importante? O que é que realmente importa? Essas perguntas vão favorecendo o entendimento e a razão, ajudando a alcançar um juízo equilibrado de cada circunstância.

Conhecer a realidade dos inimigos mentais, com suas nefastas consequências, e a realidade das defesas que impedem experimentar seus infortúnios é uma chave para alcançar a serenidade e viver muitos momentos felizes consigo mesmo e com os demais. 


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