O homem, por sua constituição psíquica, mental, espiritual e física, é um ser adaptável a todas as mudanças e a todas as situações em que a vida o coloca, à medida que avança para seu aperfeiçoamento.
Pode-se dizer que é geral – visto que se produz em todos – a reação que o ser experimenta quando, premido pelas circunstâncias, deve aceitar situações às quais, por vontade própria não haveria jamais tratado de se adaptar. O tempo, com a série de reflexões que sustenta em seus poderosos meios de expressão, faz com que o homem admita, aceite e se adapte a mudanças e a situações, mas sem alcançar – salvo exceções – a compreensão exata de tais fatos. Daí a diferença entre os que se adaptam por obrigação e os que buscam a adaptação natural, com plena noção do que isso significa para seu processo evolutivo.
Ninguém ignora que na vida ocorrem muitos episódios que costumam terminar em tragédias, mudando quase instantaneamente as situações individuais. Não utilizando o poder de adaptação, o sofrimento se torna, em geral, desesperante, consome a vida.
Aquele que tem, por exemplo, todas as comodidades, se acostuma a não experimentar incômodos de nenhuma espécie; mas se, admitindo como possível uma série de mudanças que podem suceder-se no curso de seus dias, se adapta a elas com antecipação, agilizará seu espírito e logo poderá se adaptar realmente às mesmas com facilidade, no caso de que se produzam. Se isto se experimenta como algo real em um constante treinamento, se verá como o ser se vigoriza e até se imuniza contra as situações adversas, as dificuldades e os transtornos que acontecem frequentemente na vida. O poder de adaptação é como uma palavra de ordem.
Saber adaptar-se significa haver compreendido
um dos sinais com que se expressa a Vontade Universal
A Lei de Adaptação, que rege os atos universais e humanos, permanece ignorada por todo aquele que não experimentou a necessidade de cumprir seus instrutivos ditados; mas para quem buscou seu apoio, realizando primeiro o processo lógico de adaptação que lhe impõe a realidade em suas múltiplas manifestações, assume já o caráter de um poder, porquanto o ser pode se adaptar à vontade e conscientemente a todas as situações ou mudanças que a vida lhe apresenta, como igual e especialmente, aos que sua própria evolução lhe impõe.
A Lei de Adaptação é tão inflexível que não admite meio termo entre uma e outra situação: muda-se ou não se muda. De modo que, se aconteceu um fato que obriga a uma mudança, permanecer no mesmo estado ou condição equivale a viver à margem da realidade e, portanto, a sofrer intensamente. Isto é o que sempre acontece quando o homem resiste às mudanças; daí que brotem por toda parte a dor, as misérias, as angústias, e seja o sofrimento um visitante quase permanente nos corações humanos.
Extraído do Livro Introdução ao Conhecimento Logosófico, pág. 161