Os conhecimentos apresentados pela Logosofia me conduziram a acessar meu mundo interno e identificar conceitos equivocados, crenças, deficiências que me debilitavam e todos os pensamentos que transitavam em minha mente.
Esses ensinamentos também me ajudaram a compreender quem é o ser melhor que eu quero ser e o que fazer para me tornar esse ser, conduzindo-me em um verdadeiro processo de transformação.
Deixar de ser a pessoa que eu estava habituada a ser desde sempre, para me tornar a pessoa que aspiro ser, requer muito autoconhecimento e, para trilhar esse caminho, venho aprendendo a seguir o método proposto por essa ciência.
E o método consiste não apenas em tomar contato com a teoria, mas, principalmente, em levá-la à prática e aplicá-la no dia a dia. Venho, então, me tornando cada vez mais atenta, buscando observar tudo o que se passa em minha realidade interna, de modo que situações do cotidiano – que antes eu não percebia ou não valorizava – se tornem verdadeiras oportunidades de me conduzir melhor e, aos poucos, venham minimizando a influência de pensamentos, crenças e preconceitos que sempre me induziram ao erro.
Um dos conceitos que mais modifiquei – e que mudou totalmente a minha forma de me conduzir – foi o conceito de vida. Antes, eu entendia que a vida era apenas o espaço de tempo entre o nascimento e a morte. Ideias como “a vida é curta” e “só se vive uma vez” me levavam a buscar constantemente diversões para preencher a vida e me sentir feliz, pois me ajudavam a esquecer – pelo menos por algumas horas – o trabalho, as preocupações, as angústias e o grande vazio que eu sentia.
Com a Logosofia, venho aprendendo a sentir a vida de outra forma. A felicidade passou a se fazer presente, de modo genuíno e sereno, nos detalhes do dia a dia, como, por exemplo: quando presto atenção e me conecto com a natureza (tanto a minha natureza interna quanto a que está ao meu redor); quando conduzo uma conversa com atenção, desenvolvo um diálogo consciente e sou capaz de oferecer elementos úteis que beneficiam o outro; quando levo o bem por meio de palavras que alentam; quando lido com adversidades sem permitir que minem minha disposição; ou quando, em alguma situação difícil, consigo transformar ou preservar a energia do ambiente.
Ou seja, passei a compreender a vida como uma sequência de porções de bem, que retornam a mim na forma de alegria, gratidão e felicidade.
Inquietudes sobre a vida e a morte me faziam perguntar: “se eu morresse agora, estaria em paz com o que realizei até hoje? Levaria recordações de cada feito? Terei consciência desta vida? Terei um saldo positivo para resgatar nas próximas etapas de vida?”.
A Logosofia me ajudou a perceber que, para viver em paz, ser feliz e fazer a diferença no mundo, não preciso realizar coisas fenomenais, muito menos trabalhar 24 horas por dia para ganhar dinheiro e só então ser alguém na vida. Eu já sou alguém na vida: sou um pedaço da Criação, uma partícula de Deus, munida por Ele de uma força potente e enorme, que me impulsiona a fazer a minha parte todos os dias, sendo exemplo de conduta e promovendo uma corrente de bem.
Ao mudar meu conceito de vida e traçar uma nova rota, tomei a decisão de mudar de carreira e cursar uma nova graduação. Durante todo o processo de transição, precisei recorrer aos ensinamentos logosóficos para preencher minha mente com pensamentos úteis e produtivos, que me ajudassem a alcançar meus novos objetivos e descartar aqueles que atentassem contra meus projetos.
Aos poucos, fui conseguindo organizar minha mente e vencendo gradualmente meus obstáculos psicológicos, como o medo e a inércia, que alimentavam a falta de vontade e me mantinham na zona de conforto, por mais desconfortável que ela fosse.
Para pagar minha segunda graduação, trabalhei como vendedora em uma loja de artigos de luxo, que tinha uma gerente muito difícil de lidar, acostumada a estremecer e pesar o ambiente, deixando-o o mais tenso possível.
Na época, eu estava estudando sobre o sistema sensível na Fundação Logosófica e, em diversos momentos difíceis no trabalho, tive a grata oportunidade de usar minha sensibilidade para lidar com essa gerente da melhor forma possível e, ainda, aplicar os conselhos logosóficos para acalmar o ânimo do restante da equipe, que sofria com ela.
Todas as vezes em que me coloquei de forma assertiva, senti um profundo bem-estar. Apesar da luta mental constante e de achar que eu não conseguiria me manter lá até o final, consegui cumprir o meu propósito e fiquei até o ano em que conquistei um estágio remunerado.
Naquele momento, não pensei sobre isso, mas hoje, recordando a situação, vejo o quanto a paciência inteligente – que aprendi a praticar na Logosofia – me ajudou a suportar com dignidade aquele ambiente hostil pelo tempo que precisei dele.
Alguns anos se passaram, e eu concluí minha segunda graduação em Nutrição, que me trouxe o “brilho nos olhos” que a carreira anterior jamais havia despertado.
Novos desafios surgiram, como abrir meu próprio consultório.
Ao mesmo tempo em que meu pai foi meu grande incentivador nesse processo, tivemos muitas divergências, e quase desisti. Ao refletir sobre minhas reações internas, percebi que alguns pensamentos estavam contribuindo para nosso desentendimento.
Esse exercício interno me trouxe uma profunda gratidão pelo meu pai – pelo ser que ele é, pelo bem que sempre me fez e pelo enorme incentivo que me oferecia nessa nova fase da minha vida.
Com isso, consegui transformar meu estado interno, o que me ajudou a escolher os melhores pensamentos e palavras, para que nossa convivência fosse a melhor possível. Na prática, compreendi o que significava ter uma “atitude consciente”, conceito que eu havia estudado em meu núcleo de estudo.
Fora do aspecto profissional, precisei lidar com outras questões pessoais, como o falecimento de um ente querido. Em 2021, minha avó pegou Covid e foi hospitalizada. Fiquei muito apreensiva, mas mantinha a esperança de que ela se curasse logo.
Com o passar do tempo, a saúde dela começou a piorar, e passei a questionar o que realmente significava ter fé, algo que muitos me diziam para cultivar. Ao analisar meus pensamentos e sentimentos, comecei a entender que eu podia alimentar a esperança de sua recuperação, mas minha fé deveria confiar na vontade do Criador sobre o que seria melhor para ela.
Depois disso, minha fé foi mudando de “ela vai voltar” para “que o melhor aconteça a ela”. Com essas pequenas mudanças, aprendi a sofrer sem me desesperar, a lidar com a dor com resignação. E minha avó faleceu um mês após ser internada.
A certeza de que estamos realizando um processo de evolução espiritual, que vai além da vida física, meu novo conceito de morte e vida, a confiança em Deus e em suas Leis Universais – tudo isso fez com que eu encarasse essa experiência com muito mais entendimento e maturidade. Surpreendentemente, ao recordar esse momento triste da minha vida, sinto muita gratidão por todo esse conhecimento e pela recordação viva da minha avó.
Outra vivência recente que me marcou muito foi a forma como encarei o término do meu relacionamento. Apesar de sermos muito diferentes, eu sempre procurei focar nos aspectos positivos do meu parceiro e nas razões que nos mantinham unidos. No entanto, nossas diferenças começaram a pesar, e o fim do namoro tornou-se inevitável.
Foi um choque, um luto, que logo se converteu em uma linda experiência de reconexão comigo mesma. Ao observar atentamente meu estado interno e os pensamentos que se manifestavam em minha mente, percebi que estava em paz, fortalecida por todas as outras coisas que também me fazem feliz.
Na verdade, esse término era somente um pequeno problema, que deveria ocupar seu lugar dentro da minha vida – uma vida muito mais ampla que qualquer problema, pois contém todos os demais assuntos que me são muito caros. Essa percepção me encheu de gratidão ao Criador pelo simples fato de estar viva e trouxe muita serenidade para atravessar um período que tinha tudo para ser extremamente doloroso.
O autor da Logosofia, em seu livro Bases para sua conduta, oferece um ensinamento que me deu forças para enfrentar esses tempos conturbados:
Em todos os momentos de sua vida, por amargos que sejam, confie firme e decididamente em Deus. (Bases para sua conduta, p.9)
Em virtude dos estudos que venho realizando sobre o processo de evolução consciente proposto pela Logosofia, tenho compreendido que meu papel como ser humano é me capacitar para me tornar a melhor versão de mim mesma e fazer o bem ao meu semelhante, auxiliando-o a vencer sua luta diária. Dessa forma, juntos, podemos formar uma corrente de bem e de ajuda mútua que alcance toda a humanidade.