A imaginação é comumente apresentada como algo a ser estimulado na infância. Especialistas de várias áreas chegam até a ensinar como pais e mães devem fomentá-la nos filhos. Esse estímulo estende-se também a várias escolas infantis, que recorrem a brinquedos, jogos eletrônicos e histórias fantasiosas, conectando a criança a um mundo irreal, que jamais poderá ser alcançado por ela em vida.
González Pecotche, autor da Logosofia, apresentou a imaginação como uma das faculdades da inteligência, ensinando que a “imaginação é criadora só quando não se afasta da realidade”. Entretanto, é fácil perceber que pais, professores, programas de TV, entre outros, de forma consciente ou não, estimulam a imaginação infantil por meio de desenhos animados, bonecos que falam, contos de fadas, histórias de Papai Noel, super-heróis etc., acreditando estimular a criatividade da criança, esquecendo-se, porém, de que a hipertrofia da imaginação pode prejudicar o correto desenvolvimento de outras faculdades da inteligência, como as de entender, compreender e refletir. Retiram da criança, portanto, a possibilidade de vincular-se ao mundo real e de encantar-se, não com super-heróis ou fadas, mas com a beleza da realidade, com a natureza, com a mente humana, com o conhecimento etc.
Para a Logosofia, a imaginação deve ser utilizada apenas quando atrelada à realidade. Um exemplo simples é o do arquiteto que, ainda no projeto, imagina a forma do edifício a ser construído. Nesse caso, percebe-se que a imaginação está ligada à realidade, auxiliando o arquiteto a exercer seu trabalho – um trabalho factível, possível e passível de ser vivido.
Como professor universitário, percebo que muitos adultos, possivelmente por reflexo da hipertrofia da imaginação, afastam-se da realidade para viver em um mundo de ilusões. É comum encontrar alunos que, ao ingressarem no ensino universitário, fazem pouco esforço para adquirir os conhecimentos que, no futuro, os tornarão bons profissionais. Deixam de se dedicar aos estudos no presente, imaginando que, no futuro, serão competentes e reconhecidos em sua área de atuação. Não percebem que o ser é uma sucessão de seres e que herdamos a nós mesmos – ou seja, o que realizam no presente influencia diretamente no que serão no futuro.
O conhecimento dessa realidade apresentada pela Logosofia, em todos os campos da vida – familiar, profissional, pessoal etc. –, torna o homem construtor de seu próprio destino, fazendo com que o bem mais precioso que possui – a sua própria vida – não seja entregue ao acaso.