Como seria a convivência em uma cultura em que cada indivíduo é um profundo conhecedor de si mesmo? Será que ocorreriam os mesmos desentendimentos e desencontros entre as pessoas? Haveria mais respeito e afeto nas interações? Seríamos mais capazes de colaborarmos uns com os outros?
Sempre me inquietaram muito as diferenças de comportamento entre os grupos de pessoas, principalmente de países distantes uns dos outros.
Como é possível que, sendo todos seres humanos, tenhamos formas tão variadas de agir, de falar, de pensar, nos quatro cantos do mundo? E nem preciso ir tão longe, pois dentro de uma mesma cidade esses contrastes também costumam acontecer.
Como carrego essa pergunta comigo, fico bastante atento à cultura local sempre que vou a um lugar novo. Em uma dessas viagens, surgiu uma reflexão: por que observar os hábitos dessas pessoas? Somente para obter informação? E se eu procurasse identificar algo de valor que eu pudesse levar para a minha própria vida?
É claro que não poderia aproveitar tudo o que eu visse nessas culturas, até porque não faria sentido que elas fossem perfeitas. Mas fiquei pensando que seria valioso se pudéssemos encontrar, nas outras pessoas, as peças que nos faltam. Juntando esses fragmentos, poderíamos chegar a uma imagem completa do que somos, realmente, como humanos.
Esse quebra-cabeça também se aplica às relações mais próximas. Com tantos amigos, familiares e conhecidos ao meu redor todos os dias, aprendo algo com eles? Consigo observar neles alguma qualidade que ainda não tenho? Ou estou mais preocupado em identificar seus erros e apontá-los?
Penso que todos desejamos viver em paz uns com os outros. Mas, para que esse cenário aconteça, cada um precisa ser exemplo dos valores que favoreçam essa boa convivência – como a paciência, a tolerância, a generosidade, entre outros.
E como ser exemplo de tudo isso? É algo que já vem de fábrica?
Com o conhecimento, toda grande realização é possível. E, se já estudamos tanto para compreender os astros, os biomas e tudo o que existe fora de nós, por que não examinar a imensidão que temos dentro? Com tantas combinações de pensamentos, sentimentos, estímulos e características, motivos de estudo não faltam.
Essa é justamente a missão pedagógica da Logosofia, por meio da qual eu e outras milhares de pessoas encontramos um método claro para conhecer, a cada dia melhor, a nós mesmos e o nosso propósito neste Universo.
A Logosofia convida cada um a realizar um processo de evolução consciente em que pode aprender a corrigir, gradualmente, suas imperfeições. E quanto mais pessoas conquistarem esse conhecimento, mais nos aproximaremos da convivência pacífica que mencionei.
Aí está a essência da nova cultura que esse movimento busca construir. Mas quais são as suas bases? Em que exatamente ela é nova?
Este é o tema que inspirou vários conteúdos que produzimos recentemente, e você verá links para eles ao longo da leitura. Continue comigo para saber mais!
As bases de uma nova cultura
Espiritualidade como eixo central da vida
Em meio a uma rotina tão cheia de compromissos e agendas urgentes, quanto tempo sobra para cuidar da própria essência, encontrar o sentido da existência e aprender a fazer o bem aos demais? Que atenção tenho dado à vida espiritual, diante de tantos compromissos de ordem material?
Veja que interessante este fragmento do livro Bases para a sua conduta, em que o autor da Logosofia oferece conselhos ao filho:
De acordo com o que venho lhe dizendo, não favoreça nunca em excesso o desenvolvimento da vida material, pois você sabe que dessa maneira a espiritual se limita. A atenção a ambas deve ser paralela.
Como conseguir esse equilíbrio entre o material e o espiritual? Alcançando um conhecimento cada vez mais profundo sobre mim mesmo. Aprendendo a observar os pensamentos que movem as minhas atitudes, detectar o que sinto em cada situação do dia, pensar em como posso ajudar quem está ao meu redor, e muito mais.
O estudo logosófico estimula cada um a colocar a vida espiritual como prioridade máxima. Como resultado, a relação com as pessoas melhora muito. Cada interação vira um campo de experiências, em que eu posso ensaiar uma postura mais tolerante, paciente e generosa.
Consigo observar os valores que o meu semelhante possui e que me faltam, para também cultivá-los. Escuto com mais atenção o que ele me diz, em vez de apenas falar para ter razão. Percebo as dificuldades que enfrenta e penso em como posso colaborar, em vez de simplesmente deixar para lá.
Seguindo essa linha, convido você a conferir o vídeo da estudante de Logosofia Maria Luiza Martins, de Chapecó, sobre o que está por trás da vinculação espiritual entre os seres humanos.
Construindo meu próprio destino
Equilíbrio no pensar e no sentir
Há algumas semanas, vivi uma situação impactante. Tenho a honra de conviver todos os dias com uma pessoa que admiro muito, por sua bondade, humildade e extrema atenção com os outros. Um dia, estávamos no carro quando ela me alertou sobre um perigo na pista. Aquele gesto me incomodou, e reagi, dizendo que já havia visto o perigo e que estava tudo sob controle.
Fora de mim, isso até poderia ser verdade, mas o cenário interno era outro. Eu não percebi a presença de um pensamento agressivo na minha mente, que me levou a desconsiderar a ajuda valiosa daquela pessoa. Agi de forma incompatível com o grande afeto que sinto por ela.
Você já passou por algo parecido, como se sua mente e seu coração estivessem desconectados? O que pode causar essa falta de sintonia?
No conceito logosófico, o ser humano tem uma parte psicológica composta por três sistemas:
- Instintivo: responsável pela preservação da vida física
- Mental: composto pelos pensamentos e pelas funções da inteligência, como observar, refletir, entender, recordar, imaginar, etc.
- Sensível: composto pelos sentimentos e pelas funções da sensibilidade, como agradecer, querer, amar, perdoar, sentir, etc.
Se esses sistemas operam de forma separada dentro de mim, é como se eu estivesse incompleto. Ocorre um desequilíbrio que se reflete em atitudes equivocadas e em uma sensação de vazio. Mas o conhecimento sobre como funciona esse mecanismo psicológico me permite, aos poucos, sentir o que penso e pensar o que sinto.
Assim, posso rever situações como a que descrevi acima e evitar que se repitam no futuro. Ao conversar com uma pessoa querida, por exemplo, posso recordar os sentimentos que tenho por ela e usá-los para viver aquele momento com mais intensidade, sem me incomodar com pequenas divergências e oferecendo o melhor que há em mim.
Cada ser humano que aprende a equilibrar o pensar e o sentir se torna, efetivamente, um agente de uma nova cultura.
Valorizar o bem sem ter de perdê-lo
Já ouviu alguém dizer que “só damos valor quando perdemos”? O que essa frase faz você sentir? Você se identifica com essa postura?
Em um primeiro momento, quase todos vamos concordar que isso não deveria acontecer, mas também vamos admitir que esse é o padrão. Mas será que precisamos seguir assim para sempre, como se fosse uma sentença? Ou podemos aprender a agir de outra forma? O conhecimento logosófico tem vários objetivos. Um deles é o seguinte:
A edificação de uma nova vida e de um destino melhor, superando ao máximo as prerrogativas comuns.
Aprender a valorizar o bem que recebo, as amizades que tenho e as oportunidades que surgem – antes, durante e depois das conquistas – é um exemplo de como superar as prerrogativas comuns.
Preciso saber muito sobre mim mesmo para agir assim. Saber por que quero alcançar um objetivo, saber ser grato por uma ajuda, saber recordar os instantes felizes para que continuem me animando – enfim, saber!
A Logosofia ensina cada um a viver conscientemente, saindo do piloto automático. Quem pratica essa atitude aprende a cuidar dos seus vínculos com os outros seres humanos, pois reconhece o bem que cada pessoa lhe fez e não se esquece disso com o passar do tempo. O resultado é uma convivência mais harmônica, respeitosa e generosa.
Aproveitando o assunto, confira este texto de Ricardo Puga sobre a emancipação da amizade dentro dos princípios logosóficos.
Evoluir e servir: duas direções claras para a vida
Quando aprendo algo novo, o que devo fazer com esse conhecimento que alcancei? 1. Guardá-lo só para mim? 2. Exibí-lo por aí para vangloriar de uma suposta superioridade? 3. Ou compartilhá-lo com afeto e generosidade, movido pela consciência do dever de expandir o bem?
Quem escolhe a primeira opção age de forma egoísta, porque vai na contramão da própria natureza, que é sempre generosa e uma fonte inesgotável de sabedoria.
A segunda opção revela vaidade, o que é incompatível com a humildade de quem ensina pelo exemplo.
Já a terceira é a marca da nova cultura promovida pela Logosofia. Veja o seguinte trecho do livro Bases para a sua conduta:
Há um estímulo grandioso que move a vida humana. Esse estímulo é seu fim, é sua meta, é o todo; esse estímulo é o que a incita continuamente à busca do saber, do conhecimento.
Se a busca pelo conhecimento é o todo, isso significa que estou aqui na Terra para cumprir essa meta – e os demais seres humanos também! Trata-se de uma meta universal, que todos desejam alcançar. Para isso, todos devem aprender e ensinar, nessa tarefa de ajuda mútua.
Resultado: o estudo logosófico impulsiona um verdadeiro ciclo de evolução humana. Conhecendo melhor quem sou, vou promovendo, gradualmente, transformações permanentes em mim – trocando, por exemplo, a impaciência pela paciência.
Por ter vivido esse processo de forma consciente, posso colaborar com outras pessoas que também precisam mudar essa mesma característica, oferecendo os frutos da minha experiência.
Nesse cenário, o egoísmo e a vaidade não cabem. Passo a buscar o conhecimento não somente para melhorar a minha própria realidade, mas também para ter mais condições de ajudar quem está à minha volta. E, assim, vou comprovando o seguinte enunciado logosófico:
A Logosofia conta a respeito com duas forças poderosas que, ao unirem-se e irmanarem-se, levam o homem a cumprir as duas finalidades de sua existência: evoluir para a perfeição e constituir-se em um verdadeiro servidor da humanidade. Uma dessas forças é o conhecimento que oferece à mente humana; a outra, o afeto que ensina a realizar nos corações. Introdução ao Conhecimento Logosófico.
O movimento logosófico na formação de uma nova cultura
A Logosofia é uma concepção original sobre o espírito, Deus, o universo, o mundo mental e outros aspectos que têm inquietado o ser humano há milênios. Ela se baseia em alguns princípios fundamentais:
- O conhecimento de si mesmo: leva cada indivíduo a conhecer seu mundo interno, composto por pensamentos, sentimentos, faculdades mentais e sensíveis, espírito, consciência, e outros elementos.
- A evolução consciente do ser humano: é o processo de aperfeiçoamento individual que a Logosofia ensina a realizar. Nessa prática contínua, cada um descobre as mudanças que precisa fazer para ter uma conduta melhor e aprende a cultivar as virtudes necessárias para essas mudanças.
- A redenção de si mesmo: por ter um mecanismo psicológico exuberante e um espírito que o anima a buscar o bem, cada ser humano é capaz de redimir a si mesmo. O erro é um princípio de acerto, e não um motivo de culpa.
- Palingenesia: a Logosofia afirma que o indivíduo pode ter um segundo nascimento: a vida espiritual que se inicia quando sua consciência desperta para buscar conhecimentos que vão além do mundo material.
Neste relato, Monica Vieira traz a sua perspectiva sobre esses grandes princípios logosóficos e como os tem estudado na própria vida. Dê uma olhada:
Os grandes princípios em que se baseia a Logosofia
Os conceitos logosóficos abrangem todos os aspectos da vida humana e são bastante poderosos, pois tocam o coração e a mente ao mesmo tempo.
Mas onde, na realidade, estão esses conceitos? Como eles podem servir de base para uma nova cultura? Quais exemplos existem da aplicação deles em uma nova forma de viver?
O estudo de si mesmo
É impressionante como tanta coisa acontece dentro da gente todos os dias. Pensamos, reagimos, sentimos, duvidamos, perguntamos, acertamos, erramos, esquecemos, recordamos – e por aí vai. A intensidade é tanta que às vezes, parece impossível organizar e dar sentido a esse mundo interno.
Esse é o desafio diário de quem se propõe estudar Logosofia. No fim das contas, trata-se de estudar a si mesmo! Não só para dizer que me conheço e continuar como estou, mas sim para entender de onde posso partir para me tornar um ser humano melhor.
Eu, por exemplo, ao observar meu próprio comportamento, percebi que tinha dificuldade em receber ajuda. Quando alguém que sabia mais do que eu se dispunha a me apoiar em uma tarefa, eu recusava, com a justificativa de que precisava aprender sozinho.
Parecia uma postura positiva, mas, ao examinar melhor, percebi que estava sendo vaidoso, querendo mostrar que conseguia fazer tudo com minhas próprias forças.
Ao identificar essa causa negativa, resolvi tentar uma nova atitude: me abrir mais às sugestões que recebia e aprender com verdadeiro interesse. E me senti muito bem! Inclusive, ao me permitir ser ajudado, senti ainda mais vontade de ajudar outras pessoas em outras atividades.
Carina Retore, de Florianópolis, conta neste videocast como aplicou os conhecimentos logosóficos para sair de um vulcão em erupção e conquistar a serenidade. Veja você mesmo.
Do Vulcão Interno à Serenidade
Fundação Logosófica: uma escola de ética e convivência
Se cada estudante de Logosofia está empenhado em praticar uma nova cultura a nível individual, também existe um ambiente para experimentá-la em conjunto: a Fundação Logosófica, instituição responsável por difundir a Logosofia no mundo.
Os filiados, todos colaboradores voluntários, se organizam em comissões para realizar diferentes atividades, como núcleos de estudo sobre temas específicos e palestras abertas ao público. É um ambiente de muito afeto e respeito, onde todos compartilham o mesmo ideal de superação humana.
No entanto, justamente por ainda haver imperfeições em processo de correção, é natural que surjam divergências nas formas de pensar e tomar decisões.
É aí que entra o campo experimental da nova cultura. Com a Logosofia, estamos aprendendo a cultivar a tolerância, a buscar a conciliação com o outro, a observar as qualidades que os demais têm e que ainda não desenvolvemos, entre outras atitudes. E é na convivência que podemos colocar tudo isso à prova. A Fundação é uma verdadeira escola para praticar a ética nas relações humanas.
Livros que agradam o espírito
Os estímulos de uma nova cultura chegam às mentes e aos corações de muitas pessoas por meio dos livros logosóficos, publicados em oito idiomas e disponíveis gratuitamente em PDF nas plataformas digitais.
Cada uma dessas obras atende a diferentes perfis de leitores. Há um romance, uma obra em forma de diálogos, um conjunto de fábulas e histórias, uma coleção de conferências dirigidas aos integrantes da Fundação, entre outras. Todas, porém, têm um ponto em comum: o leitor deve percorrê-las com atenção, conectando o conteúdo à própria vida e sentindo as palavras. Afinal, todas falam à parte de nós que quer ser melhor e busca o bem.
Neste livro, também é apresentado um dos conceitos mais profundos da Logosofia: o das Leis Universais. São pilares que regem os processos de todo o Universo, desde os planetas até a vida humana. Alguns exemplos são:
- Lei de Movimento
- Lei de Evolução
- Lei de Causa e Efeito
- Lei de Correspondência
- Lei de Herança
E você, acha que vivemos em um universo aleatório, ou que existe um sentido que entrelaça tudo o que existe? Veja dois conteúdos de estudantes de Logosofia sobre esse tema:
- Há uma ordem divina no Universo, por Maria Vilma Ferrato
- As Leis Universais como a palavra de Deus, por José Moreira
A ação de um pensador comprometido com a evolução humana
González Pecotche, pensador e humanista argentino, também conhecido como Raumsol, criou a Logosofia e a Fundação Logosófica em 11 de agosto de 1930.
Iniciou sua obra depois de observar que os sistemas tradicionais de educação não conseguiam ensinar o ser humano a conhecer seus recursos internos, sua mente, sua sensibilidade, sua vontade e seu espírito.
Lembra do que falei sobre o dever moral de transmitir o conhecimento, combatendo o egoísmo? González Pecotche, com todo o movimento logosófico, foi um exemplo vivo desse ensinamento.
Ao sentir o profundo alcance que sua perspectiva humanística poderia gerar, ele não só se dedicou a escrever todo o conteúdo original dos livros que publicou, como também criou uma escola – a Fundação Logosófica – com um ambiente propício para a prática desses conhecimentos.
Sem querer que ninguém acreditasse simplesmente em suas palavras, ele criou um método original e claro para ensinar as pessoas a experimentarem na vida os conceitos que apresentava – porque tinha um forte propósito de estimular cada indivíduo a pensar, trocando o crer pelo saber.
O nosso próximo ciclo de conteúdos será dedicado especialmente a Raumsol, o autor da Logosofia. Por isso, continue acompanhando as nossas publicações para conhecer mais sobre esse grande colaborador da humanidade!