O que é o tempo? Ele atravessa nossa existência, moldando-a e, ao mesmo tempo, escapando ao nosso controle. É o que nos permite crescer, aprender, mas também é o que sentimos falta quando olhamos para trás e percebemos que algo essencial ficou pelo caminho.
Ora passa rápido, ora passa devagar.
Pensar sobre o tempo é refletir sobre como ele define nossa experiência de vida, sobre o valor que damos a cada momento e sobre as escolhas que fazemos. Ele pode ser um amigo generoso para quem o vive conscientemente, mas também se torna um tirano implacável para aqueles que o desperdiçam, constantemente adiando o que realmente importa.
Afinal, como aproveitar o tempo de modo que ele nos preencha, em vez de ser um peso que carregamos?
Durante muito tempo, minha vida girava em torno de listas de tarefas. Cada semana começava com metas bem definidas, e eu me afundava em um fluxo de atividades que parecia nunca ter fim. A sensação de estar ocupada era constante, mas o tempo passava e eu me via perdida em tarefas, sentindo que, apesar do esforço, a vida escapava sem deixar uma marca real. Esse ritmo acelerado me fazia acreditar que o tempo era curto demais para tudo o que eu queria realizar, e isso me deixava impaciente e esgotada.
A Logosofia nos brinda com incontáveis elementos sobre o tempo e sobre a – aparente – falta dele também. Um dia, enquanto realizava meus estudos logosóficos, deparei-me com uma reflexão no livro Introdução ao Conhecimento Logosófico sobre a pressa e o valor do tempo. A mensagem era clara: viver com pressa é uma forma de negar o próprio tempo. Eu me vi refletida naquela descrição — era alguém que perdia o tempo por não usá-lo conscientemente, como se estivesse correndo sem um rumo definido. Compreendi que precisava encontrar uma nova relação com o tempo que me permitisse viver de forma mais plena e significativa.
Ao tentar aplicar essa nova perspectiva, deparei-me com as dificuldades de mudar velhos hábitos. Continuava tentada a encher meus dias com atividades para evitar qualquer sensação de improdutividade. A luta interna era intensa, pois eu percebia que, para realmente aproveitar o tempo, precisaria abandonar a mentalidade de “fazer tudo” e focar no que fosse essencial. Isso significava reordenar prioridades e vencer a ansiedade que surgia quando eu decidia desacelerar.
A solução começou a se desenhar quando passei a praticar um esforço consciente em me recordar da vida que vivi. Diariamente, comecei a revisar o que fiz, não pela quantidade, mas pelo valor. Ao final de cada dia, refletia sobre o que realmente contribuía para minha vida interna, pensando em evoluir como ser humano. Passei a tratar o tempo como um recurso precioso, concentrando-me em cada momento presente, permitindo que minhas tarefas fossem realizadas com mais calma e atenção, sem o peso da urgência constante. Com o tempo, percebi que fui dando mais valor a momentos simples, como lavar as mãos e dar um abraço.
Essa mudança na forma de aproveitar o tempo trouxe uma profunda paz. Aprendi que, ao dar ao tempo um propósito consciente, ele se expande, permitindo que cada experiência seja vivida com intensidade e profundidade.
Deixo uma pergunta para você pensar: será que o tempo que eu vivia antes é o mesmo que eu experimento quando estou consciente?
E você, como experimenta o tempo?