Já pensou se nas diversas situações da vida, por decisão própria, fôssemos sempre capazes de escolher viver os melhores momentos da convivência com a família, com os amigos e também com os colegas de trabalho?

Tenho aprendido que isso é possível à medida que vou conquistando um estado de consciência mais elevado. A Logosofia ensina que ser consciente é estar no controle permanente do que se pensa, do que se faz, do que se propõe fazer, enfim, de todos os instantes em que se vive, enquanto se cumpre com as obrigações cotidianas de qualquer índole.

Passei a observar que meu mundo interno era povoado de pensamentos, emoções, sentimentos e que havia momentos de distração ou desatenção, mas que eu poderia conscientemente passar a ter controle sobre tudo o que se passava dentro deste mundo, e, consequentemente, também sobre minhas atuações.

Estou aprendendo que possuo faculdades mentais e sensíveis — poderosas ferramentas guardadas internamente cujo bom uso me possibilita controlar e governar de forma consciente as minhas atuações de acordo com o que penso e sinto. O conhecimento do funcionamento dos sistemas mental e sensível permite que eu me prepare antecipadamente para viver o que almejo no futuro.

Num final de semana prolongado junto à minha família, procurei atender a todos como de costume, mas algumas tarefas pessoais ficaram pendentes. Quase no fim do feriado, já no domingo, resolvi atuar de forma diferente, pensando em desfrutar da presença deles, mas também atualizar as questões que estavam atrasadas e assim viver bem o dia. Propus então que ficassem a cargo dos meus familiares todas as atividades relacionadas com a cozinha. Porém, como essas tarefas custam certo esforço, eu me adverti de que os pensamentos de má vontade e de reação contra esta colaboração doméstica poderiam se manifestar. Além do mais, tendo em conta o mundo que estou aprendendo a conhecer — meu mundo interno —, identifiquei nele um pensamento que se repete com muita frequência: o da perfeição, exigindo dos demais preparar tudo do meu jeito e gosto.

Um familiar, mesmo sendo grande colaborador, tinha tido uma pequena contrariedade no dia anterior, e percebi que sua atenção estava toda voltada para a resolução do problema. Observando que o ambiente não estava muito propício para aquela colaboração, concluí que poderia inclusive causar atritos e desconformidades que alterariam a tranquilidade do dia.

A Logosofia ensina a identificar pensamentos e também a pensar para resolver não só as situações do cotidiano, como também outras mais complexas. Então, o que fazer, visto que eu precisava resolver outras tarefas e, para isso, necessitava da colaboração de todos?

Pensei que não poderia me aborrecer, caso as coisas não acontecessem conforme eu planejara. Então, prevendo que o pensamento de irritação poderia se manifestar, contive-o para evitar suas consequências. Como um dos meus filhos resistiu a colaborar logo no princípio, procurei ajuda com o outro, que se prontificou — mas fazendo como queria, da forma dele. De novo, contive outro pensamento, o controlador, que gosta de tudo feito ao gosto dele. Foi um momento interessante, porque observei que eu mesma estava manejando forças internas, e uma delas era a força da contenção.

Não impondo meus critérios, deixei meu esposo livre para contribuir do seu jeito, assim, com muita serenidade, pude trabalhar tranquilamente em minhas tarefas pessoais, vivendo um dia feliz, respeitando o espaço de cada um e experimentando cuidar de meus próprios pensamentos.

Comprovei que sou capaz de movimentar, por vontade própria, minhas faculdades mentais, ora usando-as para observar os movimentos internos e paralisar pensamentos negativos antes de se manifestarem, ora refletindo para atuar com o pensamento de contenção, bloqueando a personalidade, dando mais comodidade e liberdade a toda família. Sei que meu querer e sentir, unidos à atenção consciente, podem criar um ambiente de paz, predisposto à colaboração. Assim, mais consciente, posso identificar minhas falhas e procurar eliminá-las, atuando com elementos de esclarecimento advindos de um entendimento mais pleno, ou seja, em função de um juízo adquirido pela fiscalização de pensamentos que poderiam surgir nas diversas situações.