Você tem pressa? Pressa de que e para quê? Por que fazemos tudo com tanta pressa, agitação, gerando em nós um estado de alta ansiedade?

Se você já sentiu ansiedade, agitação, e tem a sensação de que o coração pode parar de bater a qualquer momento, então você sabe como eu me sinto —  e é sobre isso que escreverei a seguir.

Uma das tantas imperfeições que a maioria de nós apresenta, e que é a causa de muitos males, é a pressa. Eu vivo e sofro por causa dela. A Logosofia denomina nossas imperfeições como deficiências psicológicas, falhas de caráter, aspectos psíquicos que não foram cultivados adequadamente. O que isso significa?

Por exemplo, quantos de nós possuem essa deficiência que todos ao nosso redor percebem, mas nós mesmos não? Quantas vezes já rotulamos alguém como nervosinho, “chiliquento”, agitado, entre outros termos?

No meu caso, tudo começou na infância, quando meu pai me levava para escola e no rádio tocava uma música que indicava a hora: em São Paulo, 7 horas, repita, 7 horas… Era uma loucura, meu pai dirigia apressadamente pelas ruas para deixar a mim e meus irmãos na escola. Imaginem o estado em que eu chegava… Bem, o tempo passou… Seria essa sensação de urgência algo que foi instalando-se dentro de mim com o passar do tempo? 

 O autor da Logosofia, Carlos Bernardo González Pecotche, afirma:

A pressa, em algumas vezes fruto da impaciência, em outras, da ausência de controle na distribuição do tempo, torna o homem intolerante, violento, irascível e insensato. Esse febril afã de pretender que tudo se faça no ato ou que se encurtem as distâncias por obra de magia é tendência generalizada; observando uns e outros, comprova-se que nenhuma pressa tem razão de ser, salvo naturalmente, os casos excepcionais. (Introdução ao Conhecimento Logosófico, p.291)

Vou dar um exemplo de como a pressa se manifesta na educação dos filhos, sob a forma de impaciência. Quando ensinava algo a meu filho, esperava que no dia seguinte ele já estivesse aplicando o que havia aprendido. Se não visse uma mudança na conduta ou compreensão de um valor ou conceito sobre o qual havíamos conversado, ficava estressada, com a mente confusa e ainda mais ansiosa. 

Um dia, eles reuniram-se e disseram: “Mamãe, você não tem paciência com a gente. Qualquer coisa é motivo para uma explosão”. Fiquei arrasada, incapaz de identificar os gatilhos e os momentos em que isso acontecia. Até que, um dia,  em uma loja onde passamos horas escolhendo roupas, ao ver a fila —  que nem era tão grande assim —, eu falei: “gente, não vou ficar na fila, vamos embora!” Quando olhei para eles e vi suas carinhas de espanto, recordei da conversa sobre minha impaciência e intolerância. Ali estava o quadro pintado com cores gritantes bem na minha frente, dentro de mim, na minha mente. Havia flagrado um pensamento negativo atuando e modelando minha conduta e a forma como me expressava com meus filhos.

Desde então, venho aprendendo a neutralizar esse pensamento da impaciência, cultivando a paciência. Isso se manifesta quando substituo a impaciência pela serenidade, que aquieta a mente e abre a inteligência para pensar de forma útil e proveitosa, permitindo-me ser mais compreensiva. 

Atuar com esse pensamento selecionado, fruto do esforço mental, e repeti-lo inúmeras vezes, com constância e persistência, converte esse pensamento de serenidade em uma virtude. Naturalmente, começo a agir com paciência como uma qualidade que minha alma reflete do meu próprio espírito. Esse é um processo gradual que exige muita paciência, tempo e sabedoria. 

Parece um sonho, deixar de ser impaciente, apressada e intolerante para se tornar paciente. No entanto, essa é a mais pura realidade, resultado da aplicação do ensinamento logosófico por meio de seu método em minha própria vida. Isso me faz feliz, ao comprovar que posso transformar a mim mesma em um ser melhor.