E se eu lhe dissesse que, a partir de agora, o governo da sua vida está sob a sua responsabilidade?

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Uma sirene alta, reverberando por todos os lados, começou a tocar, acompanhada de uma projeção em luzes fortes: alarme 07:00!

Primeira Ministra: Atenção, atenção a todos! Declaro aberta mais uma sessão do Plenário da Inteligência. Em pauta agora: “São 7h da manhã”. O que isso significa? Recordação, pode nos ajudar?

Ministra Recordação: Colegas, consta dos meus registros que ontem, às 23h47, logo antes de dormir, emitimos um decreto ordenando acordar às 7h da manhã, para dar tempo de comer alguma coisa e ir para a academia.

Conselheira Diligência: O decreto faz todo o sentido e se encaixa no nosso propósito de começar a praticar exercícios regularmente. Proponho que seja cumprido!

Conselheiro Descumprimento: Prezados, prezados, se me permitem a intervenção, estamos morrendo de sono, e fomos dormir muito tarde ontem! Sem falar que, se formos para a academia, vamos ter que correr depois para chegar a tempo no escritório. Faço uma contraproposta: dormir até as 8h da manhã, então acordar e, com calma, nos arrumarmos para sair.

Conselheira Desobediência: Sou a favor da contraproposta. De nada vai adiantar ter ido para a academia se mais tarde não tivermos energia para trabalhar direito!

Conselheira Inconstância: Sim, sim! E isso sem mencionar que podemos ir à academia outro dia!

Conselheira Disciplina: Mas colegas, vocês não acham que seria melhor respeitarmos o decreto? Ele não foi emitido sem razão, afinal!

Conselheiro Descumprimento: Mas o que é isso?? Nós temos que ser flexíveis!

Ministro Raciocínio: Eu não sei se isso é flexibilidade…

Primeira Ministra: Ordem, ordem! Precisamos tomar uma decisão!

Às 7h01, o Plenário da Inteligência optou por continuar dormindo até as 8h.

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Então te digo: o governo da sua vida está sob a sua responsabilidade, e isso não é de hoje não! Você foi eleito para governá-la há anos e anos, lá quando ela começou.

E, sabendo disso, já parou pra pensar em que “conselheiros” estão influenciando a sua tomada de decisões? Foi você que os escolheu? Ou eles só foram chegando, sorrateiros, e você só viu que estavam causando problemas quando já parecia ser tarde demais?

Acho que está bem claro que eu, pelo menos, estou precisando rever alguns desses conselheiros. Precisando, provavelmente, fazer um background-check em cada um, a fim de identificá-los e, aí, selecionar os que realmente quero que me acompanhem no governo da minha vida.

Mas e os seus “ministros”, como andam? Eles têm participado ativamente, ou têm deixado todas as decisões para os tais conselheiros? De quem tem sido o governo da sua vida, no fim das contas: seu ou dos pensamentos que frequentam a sua mente?

Você tem pensado por si? Observado por si? Entendido por si?

Sei que essas não são perguntas fáceis de se fazer, mas acho que são extremamente importantes. Afinal, se eu não tomar as rédeas desse governo, não é só uma ida à academia que vou perder, é?

  • O que dizer de um governo que não coloca suas decisões em prática?
  • Que não cumpre com seus propósitos?
  • Que fala, mas não faz?
  • E se eu dissesse que esse governo desordenado pode estar dentro de nós mesmos?

Entendo, hoje, que cabe a mim exercer esse papel de governante de mim mesma da melhor forma possível. Isso significa traçar metas, elaborar estratégias e, claro, manter o controle sobre quem anda participando do meu “plenário”.

O governo da própria vida, afinal, é um cargo irrenunciável e intransferível. Não vamos fingir que não dá trabalho… mas, cá entre nós, que é uma oportunidade é!