Deus

O que está lá em cima?

dezembro de 2024 - 3 min de leitura
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O que está lá em cima?

dezembro de 2024 - 3 min de leitura

Apesar de não ser um bom jogador, gostava de futebol e, na infância, jogava até à noite com os amigos em uma rua tranquila de uma cidade do interior. 

A essa brincadeira somava-se outra que sempre surgia nos intervalos do futebol e começava com uma pergunta que iniciava uma disputa: “Quem consegue encontrar primeiro as Três Marias?” Todas as crianças vasculhavam o céu, apressadas em ser a primeira a identificar as três estrelas enfileiradas. 

Qualquer que fosse o vencedor, para mim, e talvez para mais alguns, não era muito fácil voltar para o jogo. Ainda com o olhar detendo-se acima, continuávamos atraídos pela deslumbrante visão do céu salpicado de tantos pontos luminosos. Dentro da criança que fui, permanecia a pergunta: “O que está lá em cima?” Era uma questão que ressoava como uma sensação de que havia muitos enigmas a serem decifrados. 

O estímulo em responder à pergunta levou-me a querer saber mais sobre os astros. Repetidamente, era atraído pelas últimas páginas do meu “atlas escolar”, que, além dos muitos mapas que continha, mostrava-me desenhos dos planetas do nosso sistema solar, da nossa galáxia e das principais constelações. Com o tempo, fiquei até sabendo que as Três Marias eram também conhecidas como o cinturão de Órion, o caçador mitológico que dá nome à constelação. 

Na adolescência, mantendo o estímulo da infância, fui aprendendo mais sobre o universo, alcançando o conceito de infinito e ampliando compreensões sobre a imensidão do cosmo. Junto com esses conhecimentos e as observações que encontrava nas minhas leituras, surgiu dentro de mim uma incômoda sensação de pequenez. As comparações entre as dimensões humanas e a dos astros eram frequentes, assim como as referências às imensuráveis distâncias que separavam os astros e sistemas. A beleza que antes me deslumbrava, agora trazia consigo a melancolia da insignificância. 

Entre as muitas surpresas que encontrei ao abrirem-se para mim as perspectivas do estudo logosófico, estava a diretriz de formar um novo e real conceito de Deus, do homem, do universo e das leis universais. Então, ao avançar nesses estudos, somou-se ao deslumbramento da infância e à incômoda sensação de pequenez a compreensão de que, dentro da Criação, ao ser humano foi dada a prerrogativa de conhecer, passo a passo, o universo e solucionar os enigmas que ele guarda, à medida que penetra em seu mundo interno, igualmente misterioso.  

O estímulo de saber que posso, paralelamente ao conhecimento de mim mesmo, entender tudo o que há na Criação, ampliou o recôndito anseio de saber mais, originado na pergunta infantil diante do reluzente firmamento

Um resultado que me encheu de alegria foi quando li o relato de um experimento científico que fotografou a Terra a partir de uma sonda espacial que transitava nas cercanias de Saturno. O experimento deu origem a um peculiar modo de se referir ao nosso planeta como um “pálido ponto azul” na imensidão do espaço. Esse fato, no entanto, não mais produzia em mim a antiga melancolia. 

 A incômoda sensação foi substituída pela agradável percepção de que o ser humano, embora tenha um longo caminho a percorrer, tem como uma de suas finalidades evoluir, conhecendo tudo o que se apresenta nessa jornada. Com alegria, deixei para trás as posições estáticas de contemplação do universo e de me considerar insignificante diante dele. 

Nos estudos que faço, é comum encontrar trechos da bibliografia logosófica que renovam os estímulos para conhecer mais e enfrentar a superação dos limites da caminhada que decidi empreender. Um deles é o seguinte: 

Que o ser sinta que é digno de viver esta vida, que saiba que não veio aqui para caminhar sobre dois pés. Não. Veio para outra coisa: para elevar-se por cima desses dois pés. Olhem para cima e, olhando para cima, verão nas estrelas e em todo o Universo que há um mandato supremo para os homens, que é fazer aqui tudo quanto nos têm prodigado para nossa grande e sublime redenção.

Ah, recentemente descobri que as Três Marias, que vemos ao olhar para cima, na verdade são o resultado do brilho de nove estrelas! 


Um pensamento de

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