Quando eu era criança, tinha sempre a sensação de que havia mais coisas para conhecer do que as matérias da escola. Cresci querendo entender o mundo que me cercava. Por que eu tinha nascido na minha família? Por que eu era do jeito que eu era? Por que as pessoas agiam de determinada maneira? Eram tantas as questões, que daria para encher algumas páginas. As linhas religiosas e espiritualistas que minha mãe vinha seguindo não me davam as respostas que eu precisava. A adolescência chegou e me tornou ainda mais reflexiva e introvertida, pois eu não encontrava outras adolescentes com as mesmas questões que as minhas. 

A vida foi passando. Vieram a formatura, o casamento e os filhos. Em um dado momento, um conhecido do meu marido mencionou alguma coisa a respeito da Logosofia. Estudante de Logosofia que era, ele percebeu que tanto meu marido quanto eu tínhamos várias questões internas não respondidas e nos foi revelando aspectos que nos atraíram imensamente. 

A primeiríssima coisa que me encantou e cativou na Logosofia foi o respeito que o autor tem para com aqueles que querem conhecê-la e estudá-la. Não exige que se troque o que se tem pelo que a Logosofia oferece, sem antes uma análise interna e uma comparação suave e serena, mas nem por isso menos profunda. Em todos os lugares por onde havíamos buscado responder nossas perguntas, era dito que tínhamos que acreditar e aceitar cegamente o que nos era apresentado, sendo justamente essa imposição o que não me agradava nem um pouco. Eu queria conhecer os mistérios do Universo, de Deus, da Criação e entender o porquê da vida, de tudo. Recordando agora, constato que era muita pretensão de minha parte querer abarcar tudo de um só golpe! 

Mas o autor da Logosofia me foi ensinando, por meio de seus livros e de seus ensinamentos, que eu posso olhar ao meu redor, em todo sentido desta expressão, e enxergar não apenas a parte visível, mas o invisível aos olhos físicos —  e ainda compreender o que estou vendo. Na realidade, ele não é um intermediário entre mim e a Criação, Deus ou o Universo. Ele me mostra que cada ser humano possui uma constituição metafísica, formada basicamente por um sistema mental, um sistema sensível, um sistema instintivo, uma alma, um espírito e uma consciência. Isso foi uma grande revelação, e, mais adiante, compreendi que eu não uso nem dez por cento da minha capacidade mental, porque minha mente não está organizada como deveria. 

À medida que fui começando a entender como minha mente funciona, fui gradualmente aprendendo a regularizar seu funcionamento. E aí algumas explicações foram aparecendo. Eu passei a entender e a conhecer coisas que nem suspeitava que existiam. Esse vislumbre de uma realidade que pode expandir-se, infinitamente, trouxe-me uma emoção maravilhosa. 

Tenho compreendido que a mente tem um papel fundamental no ser humano e, quando ela começa a atuar como deveria, a sensibilidade surge de uma maneira sólida, profunda e agradável. Isso foi um grande divisor de águas na minha vida, porque eu passei a entender e a sentir muito mais. Pude começar a perceber sentimentos brotarem e voltarem à vida, pois estavam adormecidos. Um deles foi a gratidão pelo simples fato de estar viva. Depois, a gratidão às pessoas que, de uma maneira ou de outra, fizeram e fazem parte da minha vida, às quais eu simplesmente não havia dado a devida importância. 

Eu quero, de verdade, evoluir, ser melhor, conhecer tudo aquilo que eu queria desde sempre? Então preciso predispor-me a isso, estudando, investigando e procurando observar na minha vida tudo aquilo que eu leio. A experimentação é fundamental, pois tudo precisa ser vivido e vivenciado, senão se torna apenas um retalho da lembrança, que vai se esfumando com o passar do tempo. Mas aquilo que foi vivido pode ser recordado com a mesma intensidade de quando foi vivenciado pela primeira vez. 

Falando assim, parece um passe de mágica. A sensação que tive foi a de sair de uma vida em preto e branco e passar para outra colorida e perfumada. E tudo requer esforço, constância e dedicação.