As aulas de Economia que assisti na faculdade ainda se fazem presentes na minha recordação, bem como as notas dessa disciplina, nada exemplares. A falta de conhecimentos sobre o universo financeiro levava-me a crer que o aprendizado sobre ele não teria nenhum valor para mim. 

Após algumas experiências e reflexões, posso afirmar que o jogo virou. Hoje, compreendo a economia como um campo fértil para que eu conheça e aprenda muito mais sobre mim mesmo. Neste singelo relato, compartilho uma parte das minhas recentes descobertas. 

Tenho aproveitado os conceitos da área para me tornar, aos poucos, um investidor da  minha própria vida. Vale destacar, porém, que a riqueza material não é o objetivo final da minha empreitada. 

Investir em quê, então? 

O patrimônio interno, formado por conhecimentos, valores e ações de bem, é o maior e mais permanente que posso construir. 

Se dedico meus empenhos mais saudáveis ao propósito de ser melhor a cada dia, posso acrescentar bens muito valiosos ao meu inventário humano. 

A profissão, por exemplo, já me tem trazido grandes oportunidades para o cultivo de certas posses imateriais. 

Em uma atividade no trabalho, reencontrei-me com a terminologia econômica, com a qual tive o primeiro contato no curso de Jornalismo. 

A missão era entrevistar um consultor de uma grande gestora de investimentos, para um artigo que seria publicado no site da empresa. 

A conversa girava em torno das características que todo investidor deveria ter para ser bem-sucedido em suas iniciativas. Trazendo o seu conhecimento sobre as engrenagens econômicas, meu entrevistado levantou as seguintes: 

  • visão estratégica, para considerar todas as variáveis do intrincado mecanismo econômico e, assim, tomar decisões plausíveis; 
  • visão de longo prazo, para conter a impulsividade diante das oscilações dos mercados e confiar que os resultados não são imediatos; 
  • ser firme diante dos problemas que aparecem, para encontrar alternativas inteligentes e superá-los; 
  • identificar oportunidades, para se adiantar ao mercado e acelerar a ampliação dos seus recursos; 
  • confiança em si mesmo, para não ter medo de correr riscos e fazer experiências; 
  • observar as tendências, para verificar os riscos que podem atrapalhar suas intenções; 
  • poder de adaptação, para se adequar às transformações e inovações que impactam a economia. 

São elementos importantes quando o propósito é aumentar o rendimento de uma fortuna, certo? Internamente,  respondi que sim, concordando com o meu interlocutor. Mas a resposta levou-me a fazer outras perguntas: 

  • Será que essas habilidades também não são necessárias para cultivar valores, sentimentos e propósitos? 
  • O que preciso fazer para ser um bom investidor da minha própria vida? 
  • Quais bens quero que façam parte da minha própria herança? 
  • Quais valores já tenho na minha forma de ser e que posso expandir ainda mais? 

Ainda não encontrei as respostas completas para essas perguntas, o que é excelente! Afinal, cada indivíduo é único. 

Cada um de nós pode encontrar nas demais pessoas as virtudes e características que nos faltam, usando seus exemplos para as cultivar em nós mesmos. Para cumprir uma meta tão ousada, conhecer a si mesmo é fundamental. 

Reconheço muitas pessoas como grandes inspirações de esforço, atividade constante, boa disposição e capacidade de iniciativa. Durante uma boa parte da minha vida, no entanto, eu nem tinha consciência desses nobres exemplos e nem conseguia segui-los. 

Os primeiros investimentos internos 

Ao longo da adolescência e dos primeiros períodos da faculdade, fui um rapaz muito distraído e pouco animado para realizar as tarefas cotidianas. Não colaborava com os meus pais nas atividades de casa, deixava trabalhos (da escola e da faculdade) para a última hora; era enfim um escravo do relógio, tendo que fazer tudo na correria. 

Quando comecei a trabalhar, essa inércia ainda continuava sendo muito forte em mim. Após algumas reflexões, passei a observar que os pensamentos de comodismo, distração e falta de vontade faziam-me perder muitas energias. 

Também percebi que eu precisava combater aos poucos a influência deles no meu comportamento, porque, caso contrário, eu seria sempre aquele jovem desligado e inerte. A mudança era uma responsabilidade minha. Diante disso me perguntei: que adulto serei se continuar com essa característica? 

O cenário que vi dentro de mim não era nada agradável. Assim, comecei a movimentar-me para sair da areia movediça da inércia. 

Observei que o Érico do futuro (que sou eu, hoje) poderia beneficiar-se muito se o Érico daquela época começasse a desenvolver a capacidade de iniciativa e de assumir maiores responsabilidades. 

Resgatando o investidor ideal que mencionei antes, comprovei que os resultados de um investimento não aparecem de forma imediata — principalmente quando o objetivo é acumular valores e qualidades morais. 

Projeções futuras de investimento 

Olhando para trás, vejo que hoje já sou muito diferente. Tenho aprendido a aproveitar a vida para aprender algo novo a cada dia sobre mim mesmo e de quem está ao meu redor. 

A convicção de que ainda me falta conquistar muitos valores internos deixa-me estimulado, porque começo a descobrir os recursos com os quais conto. Investindo tempo, esforço, energias e estímulos, posso cultivar as características que quero para mim. Na verdade, é uma prerrogativa de todo ser humano. 

São investimentos permanentes, que não me levam somente a ser um bom  profissional. Com eles, os resultados são evidentes em todos os campos, seja na família, no namoro, na vida estudantil ou na convivência social. 

Para finalizar, uma pergunta: 

Quem quer ser um milionário? Se o leitor chegou até aqui, já sabe a minha resposta.