É comum perder a calma em situações estressantes do dia a dia. O problema se torna ainda pior quando nos deixamos levar por pensamentos alheios ou quando nos encontramos sem disposição para pensar.

Experimentei, em pequena vivência, que os homens se movem segundo seus pensamentos.

Após minha aprovação na faculdade, no curso que eu tanto queria, a festa promovida pelos alunos parecia a maneira apropriada de comemorar junto às minhas amigas. Incentivei-as a comparecer. Elas aceitaram o convite, deixando-me ainda mais ansiosa para o evento, de modo que falava repetidamente o quanto aquela festa seria ótima.

O que eu não esperava era que, no dia tão aguardado, pouco tempo depois de chegar à festa, passaria por uma situação bastante desagradável. Estava andando pelo local, quando de repente senti alguém introduzindo a mão em minha bolsa. Imediatamente parei e disse: “roubaram meu celular”. Quando constatei que ele havia realmente sido furtado, fui comunicar o fato aos responsáveis pela segurança e, para minha surpresa, ouvi: “Você não foi a única. Já roubaram cerca de 15 telefones aqui. Espera aqui do lado que a gente vai começar a revistar todo o mundo que for sair”.

Enquanto processava o ocorrido, minhas amigas logo se prontificaram a me apoiar. Durante o tempo em que esperava, observei os que passavam pela mesma situação. Alguns choravam, outros tentavam controlar a raiva, alguns voltaram para aproveitar a festa, e algumas pessoas ficaram com uma postura similar à minha. Também percebi que a abordagem adotada pela equipe de segurança não estava sendo produtiva. Resolvi conversar com alguns dos funcionários que estavam perto de mim, perguntando, de maneira serena e respeitosa, se havia alguma notícia, se isso acontecia frequentemente e se teria algo que eu pudesse fazer para ajudar.

Minhas amigas, que observavam de longe a situação, comentaram que ficaram surpresas com a minha reação, já que eu estava muito calma em relação a tudo que estava acontecendo. Nesse momento, ao pensar em uma resposta para dar a elas, parei para analisar o meu estado interno. Que elementos tinha em mim que estavam me ajudando a conduzir a situação de maneira tranquila? Porque não estava estressada ou chorando?

Compreendi que não havia nada que eu pudesse fazer no momento, de que me estressar não iria fazer com que eu recuperasse meu celular, que aquilo não era culpa de ninguém ao meu redor, e que eu não deveria atrapalhar a noite de quem estava ali fazendo seu trabalho ou aproveitando a festa. Percebi, naquele momento, o controle que estava tendo sobre meus pensamentos, especialmente para não me deixar levar por sugestões passionais em momentos assim, que me pusessem à mercê das circunstâncias, como a raiva ou o desespero. Como uma das poucas pessoas serenas no momento, tinha também a responsabilidade de amenizar a situação, principalmente ajudando a equipe do evento a entender o que havia acontecido e a procurar uma solução.

Essa experiência reforçou para mim que estou no caminho certo para realmente governar a minha vida, sabendo reconhecer, em certos momentos, aqueles pensamentos que são meus e que serão produtivos e combatendo aqueles que, alheios, só tumultuarão o ambiente. Afinal, não poderia deixar uma situação, por si só desagradável, ser amplificada por pensamentos de outras pessoas. Já não bastava roubarem meu celular, roubariam também minha paz interna? Ah, isso não.


Clarissa tem 22 anos e é estudante de direito. Possui muito apreço pela leitura e gosta de escrever em seu tempo livre. Estudante de Logosofia desde 2018, se interessa muito por temas como Deus, o verdadeiro bem e a construção de um mundo melhor.