Na história e na cultura, temos casos célebres de duplas de sucesso que se ligam de forma única, inseparável, como se fossem uma coisa só. Fusões por aproximação e associação, exemplos de amizade e parceria. Quem imaginaria no universo pop Batman sem Robin, Capitão Kirk sem Spock, ou Frodo sem Sam? E, na nossa culinária, o que seria da goiabada sem queijo, do pão sem manteiga ou do arroz sem feijão? Não que o arroz não conviva bem com outros parceiros, pelo contrário, mas com o feijão ocorre o casamento perfeito. União superestável! 

Agora, deixando esses exemplos famosos de lado para entrar em um campo mais profundo, temos uma dupla de conceitos indissociáveis que muita gente desconhece: o conhecimento e a consciência. 

Apesar de possuírem significados distintos e vidas próprias, ambos têm pontos de conexão que os ligam por serem da mesma essência. Eles se fortalecem reciprocamente e beneficiam quem se dispuser a cultivá-los.

 

Dentro da concepção logosófica, o conhecimento cresce e fixa-se na consciência e, à medida que ela se amplia e busca mais conhecimento, os seres humanos empreendem o processo de evolução. 

Ou seja, para a Ciência Logosófica, a fixação do conhecimento na consciência é um princípio de evolução.

Os altos voos do conhecimento

Vamos imaginar que um aspirante a piloto de avião leu todo o manual de operação de uma aeronave específica. Ele tem todas as informações teóricas necessárias para a pilotar, mas tem conhecimento? Na verdade, o aspirante precisará de horas e horas de simulação e, posteriormente, de voo, para ser considerado apto a pilotar, pois só assim terá adquirido o conhecimento de fato. A informação só se transforma em conhecimento quando se consolida na consciência através da experiência. Para transformarmos informação em conhecimento, necessitamos da intervenção da consciência como fiel depositário das informações consolidadas.

Voltemos ao nosso piloto. Ele leu o manual, realizou as simulações, voou por muitos anos até se tornar um especialista naquele tipo de aeronave. Um profissional assim poderia muito bem se acomodar. Mas algo nele o induz a querer mais. E se, por exemplo, ele aprendesse a pilotar helicópteros? Nesse momento começa a funcionar o sistema reverso, pois o ser consciente passa a buscar novos caminhos e desafios. A consciência exige conhecimentos cada vez mais amplos!

Graças à consciência, nosso piloto pode voltar ao início do aprendizado quantas vezes quiser, mas sempre numa condição melhor. Aprenderá a pilotar outras aeronaves e, a cada novo reinício, o caminho ensina novas lições. Aí está o caráter dinâmico da dupla conhecimento e consciência: o conhecimento alimenta a consciência e esta, por sua vez, convida-nos a buscar mais conhecimento, numa espiral crescente.

Conhecimento infinito, vida finita?

É possível que um piloto aprenda absolutamente tudo sobre aviões em uma vida? Parece-nos que sim. O conhecimento técnico pode ser sempre aperfeiçoado, mas será limitado por sua finalidade. Mas se a consciência nos exige conhecimentos cada vez mais amplos, o que ela faz quando chega aos limites do conhecimento técnico? Bom, ela então exigirá outro tipo de conhecimento, um que seja infinito. Chamamos de conhecimento transcendente aquele que supera os simples limites do mundo comum, tornando-se, por isso, infinito. Mas como podemos acumular conhecimento infinito se temos um corpo perecível? Para a Logosofia, a resposta é o espírito.

Ela nos sugere que todo conhecimento humano de ordem transcendente é acumulado no espírito, que é eterno. Assim, esse acervo nunca se perderá, e o indivíduo poderá avançar em seu processo de evolução. Se não contássemos com esse cofre eterno, todo nosso tesouro se perderia ao final da vida, zerando assim a conta de conhecimentos. Agora, se esses conhecimentos que trazemos na herança espiritual vão crescer, frutificar e gerar outros, isso dependerá da consciência. E é então que a dupla dinâmica entra novamente em cena.