Autoconhecimento

Conhecimento de si mesmo: Sentir demais faz mal?

julho de 2025 - 4 min de leitura
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Conhecimento de si mesmo: Sentir demais faz mal?

julho de 2025 - 4 min de leitura

Qual é o seu vício? O meu, por muito tempo, foi ter razão. A possibilidade de estar errado me assustava tanto, que eu a negava com unhas e dentes. Não havia debate perdido, mesmo quando eu conhecia pouco sobre o assunto em questão.

 

Era capaz de dar a volta ao mundo para encontrar o argumento que me concedesse a vitória. E era democrático: tratava todos os interlocutores da mesma maneira: todos eram adversários – meus pais, amigos, colegas da faculdade, etc. 

 

Durante os duelos, eu sentia uma mistura de aflição e euforia, principalmente quando ganhava. Mas, depois de alguns minutos, surgia um desconforto que martelava minha mente por um bom tempo, como o apito de uma sirene: um chamado interno para analisar com mais detalhes o que havia acontecido.

 

Será que eu agia daquela forma porque estava apaixonado pelas ideias que eu transmitia? Ou talvez porque eu tinha um querer muito genuíno de levar a luz do meu conhecimento àquelas pessoas? Aparentemente, minha postura nesses casos estava carregada de emoções. Eu estava certo, não estava? Colocar emoções nas minhas palavras e ações parecia ser algo bom. Então, por que eu sentia aquele mal-estar depois das discussões?

 

Enquanto escrevo estas palavras, o que sinto é um rechaço profundo ao meu comportamento naqueles episódios. Hoje, consigo enxergar que era guiado por imperfeições como a vaidade, a teimosia e a intolerância. No fim, quem mais perdia com isso era eu, que me desgastava e me afastava dos outros.

 

E o que são esses defeitos: pensamentos ou sentimentos? Estão na mente ou no coração?

 

Encontrei a resposta em um estudo que fiz sobre mim mesmo. Comecei a anotar os motivos que me aproximavam das pessoas mais valiosas da minha vida, tais como:

 

  •     a gratidão ao apoio que elas me deram;
  •     a simpatia por sua forma de ser;
  •     a amizade resultante dos pontos que tínhamos em comum;
  •     a alegria de compartilhar momentos com eles e celebrar suas conquistas.

 

 

Depois, procurei recordar se essas sensações apareciam dentro de mim quando discutia com alguma daquelas pessoas. Percebi que, nesses momentos, elas ficavam colhidas.  Meu único impulso era alimentar minha personalidade, exaltar minha própria imagem diante deles.

 

Como o coração poderia ser responsável por uma atitude tão mesquinha? A culpada era a mente, que não conseguia se defender dessas antigas tendências nocivas dentro de mim.

 

Até agora tudo parece muito sombrio, mas o jogo começou a virar para o meu lado! Assim como o problema estava na mente, foi nela que surgiu a solução.

 

Minha investigação interna estava em andamento. Eu já tinha identificado a origem do problema (necessidade de ter razão) e as forças que o provocavam (intolerância, vaidade e teimosia).

 

O próximo passo era estudar as características positivas que eu poderia cultivar, como tolerância, suavidade e humildade. Pensei em pessoas que eram exemplos vivos desses valores e lembrei como elas agiam. Se elas conseguiam, eu também poderia tentar, não?

 

Senti-me cheio de energia e comecei a me preparar para experimentar um novo jeito de me relacionar com as pessoas. Propus-me a:

 

  •     recordar os sentimentos que me ligavam a elas quando estivéssemos juntos;
  •     praticar a tolerância, a suavidade e a humildade;
  •   conter, dentro de mim, o ímpeto de querer ter razão sobre os outros.

 

Esses são os exercícios que venho fazendo até hoje, com muito empenho. Achou que ia ser fácil e que eu viria contar uma grande vitória sobre os inimigos que carrego dentro de mim? Nada disso. O caminho ainda é longo. Aliás, outro dia mesmo entrei naquele estado de ebulição de novo, numa conversa com uma familiar muito querida.

 

Mas estou mais distante daquele jovem marrento que eu era no início desse trabalho interno. Conquistei algumas vitórias que me trouxeram muita alegria.

 

Passei a escutar com mais atenção o que o outro me diz ou faz, em vez de me impor com agressividade. O resultado? Comecei a sentir mais respeito e afeto por essas pessoas, porque vi  nelas partes muito bons – que eu mesmo não tenho. Com a tolerância, vamos cultivando sentimentos nobres.

 

Passei também a aceitar com mais naturalidade a ideia de mudar o que penso, sempre para melhor, ao perceber que tantas pessoas ao meu redor têm conhecimentos e acertos. É o exercício da suavidade, que nutre o sentimento de gratidão pelo exemplo que o outro me dá.

 

Comecei a fazer mais perguntas inteligentes, em vez de bombardear os outros com respostas que eu nem sabia de onde vinham. O resultado é que consigo avaliar melhor o  que já sei e o que ainda preciso aprender. É o exercício da humildade despertando em mim a vontade de evoluir como ser humano.

 

Por essas e outras razões, hoje penso que sentir demais faz muito bem! De um lado, estão os sentimentos – como a amizade, o respeito, o afeto, a gratidão, o querer, a compaixão, etc. – que aproximam os seres humanos e promovem neles a vontade de serem cada dia melhores. Do outro, estão as emoções, que podem ser felizes, como o entusiasmo e o alívio, ou infelizes, como a raiva e a melancolia.

  

Despeço-me com uma homenagem de gratidão à Logosofia, essa fonte de conhecimentos superiores onde tenho encontrado estímulos que tocam profundamente o meu espírito.  

 

Os avanços nesse caminho ascendente configuram um processo de aproximação, de assimilação progressiva dos desígnios cósmicos, que o espírito absorve à medida que é capaz de compreender a altíssima finalidade desse processo de aproximação ao Deus único, dono e senhor de tudo quanto existe. Interpretar com precisão sua Vontade, plasmada em suas Leis, é haver alcançado a sensatez necessária para não infringi-las.

Um pensamento de

 Érico Mafra de Aquino
Érico Mafra, profissional de Marketing, nasceu e vive em Belo Horizonte, onde é um pesquisador da Ciência Logosófica desde 2014. Tem um grande interesse pelas possibilidades da mente humana e o desafio de alcançar o equilíbrio entre a razão e a sensibilidade.

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