“Calando é como se aprende a ouvir, ouvindo é como se aprende a falar e então, falando, se aprende a calar”.
Entre os ensinamentos logosóficos, este foi um dos que mais chamaram minha atenção, pela possibilidade de construir uma nova vida – e, mais ainda, pela oportunidade de ser melhor, evoluir conscientemente, conhecer a mim mesma e me redimir dos meus erros.
Não sabia que era preciso calar pensamentos para aprender a ouvir aqueles que transformaram a minha vida. Calar crenças e preconceitos para aceitar novos conceitos; ouvir verdades, além das que conheço, experimentar palavras que ensinam a mudar minha forma de pensar, agir, sentir e falar.
Venho identificando minhas condições psicológicas para compreender por que sou como sou e o que posso superar. Não é fácil, pois só consigo melhorar aquilo que sou capaz de ver ou ouvir em mim mesma.
Na minha experiência, preciso ajustar constantemente essa observação individual para, aos poucos, “calar” o que me impede de ouvir o que há de melhor em mim.
Quando ouço minhas limitações, sinto que inicio um processo de aceitação e compreensão das minhas falhas. A partir disso, posso traçar um plano para revisar minhas condições.
Sempre me incomodei com a indiscrição e o intrometimento que observava nos outros, mas não via isso em mim. Achava que era apenas atenciosa e interessada, querendo agradar a todos. Não percebia que esse excesso podia soar como indiscrição e comprometer a minha imagem.
Observei que meu olhar sobre mim mesma era superficial e que isso precisava mudar. Eu permitia que certas deficiências psicológicas se manifestassem com frequência, por isso passei a observá-las com atenção: queria saber como, quando, onde e por que apareciam. Fazia um grande esforço para que não escapassem da minha vigilância. Nem sempre conseguia enfrentá-las ou controlá-las, mas, ao praticar essa vigília constante, tenho conseguido enfraquecê-las, procurando atuar com mais discrição e prudência, até que desapareçam por completo da minha realidade interna.
Não é só um trabalho mental. A sensibilidade tem me mostrado o que minha mente tenta esconder: medos, angústias, inseguranças e muitos pensamentos negativos que eu não sabia ouvir para poder calar. Ao aprender a equilibrar pensamentos e sentimentos, venho experimentando boas mudanças na minha conduta, no meu jeito de ser e de me relacionar.
Calar os meus defeitos para ouvir as minhas qualidades e permitir que as virtudes tenham voz na minha vida favorece o reconhecimento dos erros que não quero mais cometer. Assim, encontro a oportunidade de corrigir o que não está bem e aprendo com os meus erros para não repeti-los.
Não é fácil admitir os próprios erros. Confesso que não gosto. Mas estou aprendendo a ser mais valente ao dirigir esse olhar para mim mesma. Leva tempo e exige constância, disciplina, generosidade e gentileza comigo mesma.
O que vou encontrando precisa ser acolhido, reconhecido, estudado, para depois ser descartado. Ao constatar que determinada tendência ou característica não acrescenta nada de bom à minha vida, comprovo sua inutilidade e prejuízos, e percebo que é melhor eliminá-la.
Por outro lado, vou ouvindo as virtudes que conquisto, para aprender a falar e conservar uma nova linguagem de exemplo de conduta. Conhecer bem a mim mesma, com as imperfeições e qualidades, os erros e acertos, ilumina a imagem que precisa, e pode ser remodelada, não somente para parecer melhor, mas para realmente ser.
Essa remodelagem individual não é estética nem artificial. Preciso de conhecimento para esculpir uma beleza interna verdadeira, sem traços postiços.