Quando concluí meu curso de engenharia, via o mundo e a realidade que me cercavam com os olhos da ciência. Maravilhava-me com as leis da física, os avanços tecnológicos me fascinavam, observava com assombro os processos da natureza contidos nos reinos mineral, vegetal e animal.

Ainda na juventude, ao tomar contato com os conceitos logosóficos, um especialmente — o do mundo metafisico — inquietava-me. Não o compreendi imediatamente. Ele me remetia a imagens das religiões das quais queria distância e que eram incompatíveis com a ciência que eu tanto admirava. Aos poucos, fui observando a realidade dos primeiros seres metafísicos.

Pensamentos tornados hábitos governavam minha vida e eram tão tangíveis como os objetos físicos. A ideia de um mundo metafísico como uma realidade invisível, inacessível aos sentidos físicos, mas acessível aos sentidos da inteligência, começou a se formar em minha mente.  Comecei a incursionar nesse mundo, sendo mais consciente de meus pensamentos, sentimentos e de mim mesmo e passei a trabalhar na construção de um arquétipo real e ideal do que eu gostaria de ser.

Hoje, passado um tempo e com várias experiências vividas, compreendo que este mundo invisível não é uma abstração; está presente em tudo que existe, em cada uma das manifestações da realidade: tanto a criada por Deus quanto a criada pelo homem. Abarca desde o mundo mental transcendente, do pensamento do Criador e das leis universais, das grandes ideias, pensamentos, sentimentos e emoções superiores, passando pelos níveis intermediários, dos pensamentos, sentimentos, sensações e emoções, chegando também aos níveis inferiores, na região do instinto, onde ficam os pensamentos utilitários, de sobrevivência, hábitos, deficiências, vícios e paixões.

Forjei a convicção de que é nesse mundo que estão as causas do que acontece no mundo material; é onde o ser humano toma contato com os aspectos mais elevados da Criação Universal e onde pode descobrir a verdadeira razão da sua existência.

O mundo material e o mundo metafísico se interpenetram e estão presentes em tudo que existe. O que se vê com os olhos físicos é, na realidade, o efeito do que se passa nesse mundo metafisico. Concluí que, para compreender o que se observa, é preciso adentrar nesse mundo das causas e conhecer como agem seus habitantes.

Ter convicção da existência desse mundo invisível e acostumar-se a ver, na realidade do dia a dia, a presença dos pensamentos como agentes causais, é um conhecimento básico para alcançar patamares superiores de consciência e ter uma vida mais ampla e mais feliz. A porta de entrada é o próprio mundo interno. Mas é preciso desobstruir os canais da inteligência que não estão acostumados com esse fluxo de novos conhecimentos; debilitar pensamentos indesejáveis e cultivar novos pensamentos, sentimentos e virtudes; forjar conceitos sólidos e, sobretudo, superar-me internamente, obtendo conhecimentos que me permitam ascender aos níveis superiores dessa realidade invisível. Esse é o grande e irrenunciável trabalho que todos devemos realizar para alcançar o que queremos nesta vida.