Podemos dizer que há, no interno de cada ser humano, uma fagulha sensível que o projeta à busca de novos horizontes. Uma força que o motiva a se superar, buscando combater os elementos negativos de sua psicologia. Uma aspiração que poderia ser traduzida, sumariamente, como a vontade de ser melhor do que aquilo que era antes.
Tal fagulha, quando lança suas luzes sobre a vontade de um homem, é capaz de incentivar seus mais belos projetos, permitindo-lhe realizações que, aparentemente, iriam além de seus limitados alcances. Porém, quantos, de fato, conseguiram transformar tal aspiração em uma realidade vivente? Não são inúmeras as dificuldades que se enfrenta quando se tenta colocar, em prática, tais projetos de superação?
A primeira dificuldade está relacionada com a própria ignorância sobre a realidade interna individual. Como ser melhor sem ao menos conhecer com quais recursos contar? Sem saber, de fato, quais são os elementos que precisam ser aprimorados? Sem saber quais são os defeitos que precisam ser corrigidos?
O entendimento encontra-se, assim, limitado. Obliterado por uma falsa visão de si mesmo, o indivíduo cria um complexo de superioridade que insufla virtudes não possuídas, ao mesmo tempo em que ameniza as deficiências manifestadas. E, assim, impede a compreensão cabal de quem ele realmente é.
Diante da pouca precisão na medida de seus próprios recursos e limitações, o estímulo de se superar acaba se apagando, engolido pelas trevas do desconhecimento.
Porém, tal panorama que, a princípio, pode ser tão desalentador, é passível de correção. A se começar pelo cultivo do próprio conceito da precisão no aperfeiçoamento individual.
A ninguém é permitida uma real superação sem se ter em conta tal precisão. Ser preciso é obter o conhecimento necessário para realizar uma serena e exata medida de seus recursos internos, sem querer se enganar pelas ilusórias sensações do lisonjeio ou do amor-próprio.
É ter a humildade necessária para reconhecer suas próprias falhas, ao mesmo tempo em que se busca os recursos necessários para angariar aquilo que ainda não se possui.
Das medidas precisas do balanceamento dos recursos internos é que surge o equilíbrio, permitindo, finalmente, seguir a rota que culminará na realização superior.
Em suma, como ensina a Sabedoria Logosófica, cultivar a precisão “é um trabalho delicado e paciente, no qual cada um deve pôr o melhor de si mesmo”. Nesse trabalho, é necessário tratar de “realizar tudo aquilo que não se tem e de eliminar tudo o que se tem e não serve”.
Fica, assim, estabelecido o intuito de se realizar um sereno exame daquilo que se encontra na própria mente, tratando de eliminar os inúmeros empecilhos que dificultam a evolução. E nada mais reto e preciso do que substituir, de maneira gradual, o inservível pelo útil, o defeituoso pelo virtuoso, o feio pelo belo.
Não se trata de um caminho fácil ou rápido. Daí a necessidade de se realizar a primeira e fundamental das substituições: a troca da impaciência, tão comum nos dias de hoje, pela paciência inteligente.
A nobre virtude que encontra, no próprio aproveitamento do tempo, as forças para se manter perene, permitindo o cumprimento de cada uma das etapas, sem os esmorecimentos tão comuns a quem se mostra impaciente.
Com sabedoria e paciência é, sim, possível angariar maior precisão, transformando em realidade aquilo que, por tanto tempo, tem se mostrado apenas como potencial.
Novos patamares de evolução poderão ser alcançados, trazendo à tona o que há de melhor na própria natureza humana, ainda tão susceptível à repetição de erros que, com a devida precisão, já poderiam ter sido superados.