O valor da documentação bibliográfica

Se, em qualquer atividade do pensamento direcionada para uma investigação, a documentação bibliográfica é de suma importância, no campo logosófico adquire um valor ainda maior, tanto que não é possível prescindir dela se, em verdade, se quer assegurar os mais positivos resultados na orientação dos estudos e nas tarefas de investigação, ao centralizar os conhecimentos e elementos auxiliares em determinados conjuntos que se definam por traços particulares em pontos convergentes semelhantes.

A linha inconfundível e invariável que evidencia o caráter de um ensinamento logosófico é percebida em razão da natureza e profundidade do seu conteúdo específico, mas existem inúmeros ensinamentos – que em si mesmos representam fragmentos de grandes conhecimentos – que são, diremos numa expressão mais vívida, como recortes de uma grande imagem que é necessário formar com entusiasmo, paciência, e aplicando, naturalmente, a mais aguda atenção.

Quando se quer estudar um país, é necessário equipar-se com todos os elementos instrutivos que possam dar uma impressão cabal e certa a seu respeito. Livros, mapas, informações jornalísticas, estatísticas, etc., concorrem sempre para esse fim e fazem possível a elaboração de um juízo mais ou menos aproximado.

A documentação bibliográfica no estudo da Logosofia

No campo logosófico, a investigação, ou seja, o contato do entendimento com tudo quanto haverá de ser útil a seu conhecimento, deve estender-se a todos os pontos a que chegue o pensamento que anima cada verdade expressada pela Logosofia.

Nesse esforço de documentação bibliográfica, não só é necessário munir-se do que foi publicado até o presente, mas também se deve aumentar essa documentação com as reflexões próprias, as interpretações, etc., sujeitas por certo a modificações, sempre que a experiência, ou uma maior exatidão na compreensão, torne imprescindível colocar-se em terreno mais firme.

Na Antiguidade, quando não existia a escrita, o ensinamento era transmitido diretamente, porque Mestre e discípulos se achavam num só lugar, coisa que não poderia se fazer hoje, pela multiplicação das distâncias. Ao aparecerem os signos alfabéticos que dão forma à inteligência do pensamento, os ensinamentos passaram a ser compreendidos tal como haviam sido expressados pela palavra. Acabou assim a necessidade, que existiu naquele tempo, de cada ensinamento, lição ou conselho serem ministrados imprescindivelmente por via oral.

Hoje, as vantagens da documentação bibliográfica são, sem a menor dúvida, enormes, pois enquanto não se organiza o arquivo mental de forma que os recursos da memória funcionem com regularidade e precisão, pode-se recorrer à documentação referida para fixar, com persistência no emprego das imagens, aquilo que se queira ter presente para os fins de um domínio nos planos do conhecimento.

Em todo gabinete de trabalho de um bom logósofo deve existir a maior provisão de elementos de investigação, antecedentes, apontamentos complementares, etc., para que não lhe falte nada do que necessita para os fins de uma maior penetração, podendo ter sempre à mão – em cada questão que surja como indagação, ao aplicar o conhecimento logosófico ao próprio campo interno – tudo o que já se houvesse tratado sobre o tema.

Extraído de Coletânea da Revista Logosofia – Tomo 1, p.57

Coletânea da Revista Logosofia – Tomo I

Coletânea da Revista Logosofia – Tomo I

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Carlos Bernardo González Pecotche, também conhecido pelo pseudônimo Raumsol, foi um pensador e humanista argentino, criador da Fundação Logosófica e da Logosofia, ciência por ela difundida. Nasceu em Buenos Aires, em 11 de agosto de 1901 e faleceu em 4 de abril de 1963. Autor de uma vasta bibliografia, pronunciou também inúmeras conferências e aulas. Demonstra sua técnica pedagógica excepcional por meio do método original da Logosofia, que ensina a desvendar os grandes enigmas da vida humana e universal. O legado de sua obra abre o caminho para uma nova cultura e o advento de uma nova civilização que ele denominou “civilização do espírito”.