Ao dar a conhecer os fatores que intervêm no que ocorre diariamente no mundo interno de cada indivíduo, a Logosofia põe ao alcance do homem a chave do conhecimento causal referente a sua vida, evolução e destino. Não podem permanecer alheias a tal prerrogativa as Leis Universais, por serem as que sustentam os pilares da Criação e animam a vida de tudo quanto existe. É dever do homem não infringi-las e cumprir os seus mandados, o que lhe outorga a segurança absoluta de seu amparo.

As Leis Universais se identificam com as normas de uma ética elevada, cuja orientação coincide com os conhecimentos que, na ordem superior, a pessoa cultiva. Tais leis estabelecem uma nova relação de causas e efeitos, que permite compreender sem dificuldades o amplo panorama da existência humana, ao mesmo tempo que orientam e prescrevem normas de conduta para percorrer as etapas do aperfeiçoamento.

As leis da Criação são muito pouco conhecidas pela humanidade. Sendo elas advogados e juízes ao mesmo tempo, a maioria das pessoas ignora como atuam e como ditam suas sentenças quando julgam. 

Ao ilustrar o homem sobre o mecanismo das Leis Universais, a Logosofia lhe permite ajustar sua vida à realidade que elas determinam e livrar-se do vazio e da opressão moral causados pelo desconhecimento delas. Começa a dominar, assim, o campo mais imediato em que essas leis atuam, que é precisamente a própria vida do ser humano, e, por efeito do saber que acumula, aprende também que no Universo tudo se realiza mediante processos. 

Ao plasmar a imagem da criatura humana, Deus determinou para ela o cumprimento de todos os ciclos de evolução preceituados pelas leis supremas.

É lógico então que o homem, ao conhecer as leis e superar tudo o que nele é superável, vá compreendendo qual deve ser seu destino e qual sua conduta.

Na Natureza tudo está regido por uma norma universal que corrige os infratores. Na ordem civil, as pessoas são multadas ou detidas, para que tomem consciência das faltas e não voltem a incorrer nelas. Na ordem transcendente acontece exatamente igual, só que, ao invés de privá-las da liberdade ou de multá-las, as leis as corrigem, fazendo-as compreender que não devem desacatá-las. 

Devemos acostumar-nos a pensar que as leis são eminentemente justas ao se pronunciarem sobre nossos atos. Se nos tornamos credores de um juízo adverso, nunca pensemos que na dor existe o castigo, senão a oportunidade de saldar uma dívida, de nos liberarmos de algo negativo que ainda perdura. Isso implica considerar a ação das leis de um ponto de vista humanitário, o que permite compreender melhor seu mecanismo e como atuam. 

Deus, único ser na Criação que não tem par, desce até o homem em virtude de Suas Leis e de Seu Pensamento, expressado em cada uma das coisas criadas. Para que o homem pudesse chegar a ser em espírito semelhante a Ele, concedeu-lhe a prerrogativa de conhecer Suas Leis para reger por elas sua vida como ser humano e imortalizar sua existência como ser espiritual.

Extraído de O Espírito, p.115


Carlos Bernardo González Pecotche, também conhecido pelo pseudônimo Raumsol, foi um pensador e humanista argentino, criador da Fundação Logosófica e da Logosofia, ciência por ela difundida. Nasceu em Buenos Aires, em 11 de agosto de 1901 e faleceu em 4 de abril de 1963. Autor de uma vasta bibliografia, pronunciou também inúmeras conferências e aulas. Demonstra sua técnica pedagógica excepcional por meio do método original da Logosofia, que ensina a desvendar os grandes enigmas da vida humana e universal. O legado de sua obra abre o caminho para uma nova cultura e o advento de uma nova civilização que ele denominou “civilização do espírito”.